Rafael Ianni/Divulgação | ||
As atrizes Ana Elisa Mattos (deitada) e Joyce Roma em frente à Oficina Cultural Oswald de Andrade |
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Ilustrada
Thursday, 02-May-2024 14:03:19 -03Peça usa linguagem do melodrama para debater o abuso de mulheres
MARIA LUÍSA BARSANELLI
DE SÃO PAULO15/11/2017 02h10
Vocês que me Habitam", que estreou no início da semana na Oficina Cultural Oswald de Andrade, é um espetáculo feito em camadas.
São dois planos, o da história de uma menina que sofreu um estupro, e outro mais lírico, da relação das personagens com o tempo.
Em meio aos dois, estão ainda as camadas de identidade da protagonista —que tenta entender a si mesma e o abuso que sofreu e a relação da violência com uma sociedade de tradição patriarcal.
"Quantas pessoas são necessárias para que você seja você mesma? Quantas pessoas cabem dentro de você?", ela se questiona em cena.A montagem surgiu de uma pesquisa das atrizes Ana Elisa Mattos e Joyce Roma e do dramaturgo Gustavo Colombini sobre o tempo. O texto depois ganhou colaboração da diretora Erica Montanheiro, que criou, com a história do abuso sexual, um fio condutor para a trama.
Em cena, as atrizes alternam as alusões temporais (o tempo que parou, que ficou suspenso) com a história de uma mulher (Mattos) que, após sofrer um estupro, engravida e procura auxílio médico para realizar um aborto, mas não encontra muito suporte no sistema de saúde.
A narrativa é costurada pelo melodrama, linguagem que Montanheiro pesquisa há mais de dez anos —ela a inaugurou no seu trabalho com o grupo Os Fofos Encenam e depois a aprofundou durante residência artística na França.
O resultado se dá principalmente na linguagem corporal das atrizes, com gestos exagerados, quase coreografados, para expressar as angústias e dores da personagem.Durante o processo da peça, surgiram no texto "frases novas a cada dia", diz a diretora. Caso de "não tem constrangimento" —referência à decisão do juiz José Eugenio do Amaral Souza Neto de libertar Diego Ferreira de Novais, que havia ejaculado em uma passageira de um ônibus.
A equipe do espetáculo também fará, em colaboração com a Secretaria Municipal de Políticas Para as Mulheres, apresentações vespertinas para cerca de 200 mulheres que sofreram algum tipo de abuso e são atendidas pelos centros de amparo à população feminina.
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VOCÊS QUE ME HABITAM
QUANDO seg., ter. e qua., às 20h; até 20/12
ONDE Oficina Cultural Oswald de Andrade, r. Três Rios, 363, tel. (11) 3221-4704
QUANTO grátis
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