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    CRÍTICA

    'Uma Razão Para Viver' edulcora uma história real de superação

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    16/11/2017 01h00

    UMA RAZÃO PARA VIVER (regular)
    DIREÇÃO Andy Serkis
    ELENCO Andrew Garfield, Claire Foy, Hugh Bonneville, Tom Hollander
    PRODUÇÃO Reino Unido, 2017, 12 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (16)
    Veja salas e horários de exibição

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    Em sua estreia como diretor, Andy Serkis –conhecido por papéis em "Star Wars: O Despertar da Força" e "O Senhor dos Anéis"– conta uma história real: a luta corajosa do inglês Robin Cavendish contra uma doença incurável, a poliomielite.

    Nos anos 1950, Cavendish (Andrew Garfield) vive intensamente a juventude, sem muitas preocupações, jogando críquete e tênis. Apaixona-se por Diana (Claire Foy) e, casados, vão viver na África, onde ele faz comércio com chá.

    Pouco depois que Diana anuncia sua gravidez, esse conto de fadas sofre um choque: o marido contrai pólio e, paralisado do pescoço para baixo, fica preso a uma cama e a um aparelho respirador.

    Desafiando o vaticínio dos médicos de que o doente não sobreviveria durante muito tempo, Cavendish decide sair do hospital e voltar para casa, para ver o filho crescer.

    Graças à ajuda de um amigo, o professor universitário e inventor Teddy Hall (Hugh Bonneville), Cavendish pode contar com uma cadeira de rodas inovadora, dotada de um respirador a bateria, que lhe permite até mesmo viajar, algo até então impensável para um doente de pólio.

    Anos depois, ele se engaja em ajudar outros doentes a conquistar o direito de disporem de equipamento semelhante e assim poderem viver longe do hospital.

    O filme é uma justa homenagem a Cavendish e sua luta –o produtor é seu filho Jonathan, um homem da indústria do cinema–, mas o filme não vai muito além de suscitar e manter a compaixão do espectador. A narrativa privilegia os bons momentos, os instantes vitoriosos, de amor conjugal, felicidade familiar e camaradagem entre Cavendish e os amigos.

    As dificuldades são quase todas escamoteadas. Os problemas financeiros, que surgem com a doença, desaparecem inexplicavelmente.

    Os personagens principais não são objeto de caracterização mais profunda, o que tampouco ajuda a mostrar as tensões e problemas que uma doença tão devastadora inevitavelmente provoca na família.

    O que interessa é o lado edificante dessa história de superação –até hoje ele é o doente de pólio que mais tempo sobreviveu, 36 anos.

    Apenas na parte final, que aborda o desejo de Cavendish de morrer com dignidade, Serkis deixa o sentimentalismo de lado e estabelece certa densidade dramática –construída por breves diálogos, silêncios e olhares.

    Assista ao trailer de 'Uma Razão Para Viver'

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