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    Censurada na China, instalação de Miguel Rio Branco é exposta no Rio

    ISABELLA MENON
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    17/11/2017 12h59 - Atualizado às 19h31

    Cristina Lacerda/Divulgação
    Fotografia de Miguel Rio Branco que compõe a instalação "Sob as Estrelas, As Cinzas", censurada na China
    Fotografia de Miguel Rio Branco que compõe "Sob as Estrelas, As Cinzas", censurada na China

    "Vocês podem chamar ele até de filho da puta, mas não chama de fotógrafo". Foi assim que o colecionador e diplomata Gilberto Chateaubriand apresentou Miguel Rio Branco durante um evento.

    Avesso a rótulos, o artista plástico teve uma obra censurada pelo governo da China na última quarta-feira (15). Rio Branco estava escalado para expor na 6ª Trienal de Fotografia de Guangzhou, na China, mas teve sua obra censurada pelo governo chinês que avalia todas as obras que entram no país.

    Ele diz que não lhe foi explicado o motivo da proibição, mas presume que a censura pode ser creditada ao conteúdo violento de "Sob as Estrelas, as Cinzas".

    A obra sobrepõe fotos de tribos indígenas a imagens de estrelas e fotos da seção policial do jornal "O Povo" -publicação da chamada "mídia marrom", o periódico reproduzia fortes imagens de assassinatos.

    "Em uma ditadura, não tem que se explicar nada", diz o cineasta, escultor, fotógrafo e pintor. E completa: "A criação artística não tem que ficar presa a um sistema".

    "Sob as Estrelas, As Cinzas" pode ser vista na exposição "Wishful Thinking", inaugurada no Oi Futuro, no Rio.

    "Isso pode se desenvolver desde os índios protegendo seus terrenos ou a proteção do terreno sobre a perversidade do traficante de drogas."

    A videoinstalação foi realizada em 1992, para a exposição "Arte Amazonas", época do Eco92. Segundo o artista, o "trabalho é sobre a violência nata do homem".

    É violento, mas eu acho que o trabalho não mostra as cenas de forma exibicionista", relata o artista. "Os cadáveres são fotos que eu tratei para não ficarem tão violentos."

    Apesar do ocorrido, ele acredita que o governo brasileiro é pior do que o chinês. "Vivemos em uma democracia de bandidos. Os políticos têm que entender que trabalham para o povo e não para ganhar dinheiro", afirma. "Lá [na China], pelo menos não tem problema de corrupção."

    Ele também explicita paixão por plantas, que têm espaço na mostra no Oi Futuro.

    A sessão é uma adaptação da que foi exposta no MAM-SP, no 34º Panorama da Arte Brasileira, em 2015.

    *

    WISHFUL THINKING
    QUANDO até 28 de janeiro de 2018
    ONDE Oi Futuro, r. Dois de Dezembro, 63, Rio, tel. (‭21) 3131-3060‬
    QUANTO entrada gratuita

    A jornalista ISABELLA MENON viajou a convite do Oi Futuro

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