• Ilustrada

    Saturday, 27-Apr-2024 05:03:50 -03

    Zélia Duncan canta Milton Nascimento em disco só com voz e violoncelo

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    27/11/2017 02h00

    Léo Aversa/Divulgação
    O violoncelista Jaques Morelenbaum e Zélia Duncan, parceiros no álbum 'Invento +'
    O violoncelista Jaques Morelenbaum e Zélia Duncan, parceiros no álbum 'Invento +'

    "Invento +" é um dos discos mais inusitados do ano. E nasceu de um projeto de shows que realmente se chamava "Inusitado", em 2015, no qual o produtor André Midani convidou a cantora Zélia Duncan para fazer algo que destoasse de seu repertório.

    "Mas o que poderia ser inusitado dentro do monte de coisas que eu faço?", conta Zélia em entrevista à Folha. "Bom, cantar Milton Nascimento é algo que um monte de gente faz, mas cantar Milton sem harmonia, só com voz e cello, seria diferente." Aí veio a parceria com o violoncelista Jaques Morelenbaum.

    Zélia já fez álbuns dedicados exclusivamente a um músico, para Itamar Assumpção (1949-2003) e Luiz Tatit, nomes claramente notáveis por seu talento como compositores. No caso de Milton, o disco tem canções escritas por ele com parceiros e algumas de outros autores. Zélia reconhece que há uma diferença.

    "Acho que existe uma boa parte do público que sempre associa o Milton ao cantar. Sua voz é uma instituição. Mas ele também é um compositor poderoso. Levou a todo o Brasil a música de sua turma, e o fez com tanta propriedade que mesmo composições que não são suas se tornaram canções do Milton."

    As 14 faixas de "Invento +" reúnem músicas que Milton gravou entre 1967 e 1985. Zélia diz que a escolha foi totalmente afetiva. Embora considere esse período inicial como mais politizado, ela diz ter evitado preocupação didática.

    "Tenho horror a essa palavra, 'didático', porque dá a falsa impressão de que a gente sabe alguma coisa." Considera a seleção um tanto "egoísta", porque contempla o que ela e Morelenbaum gostam.

    "Eu fui uma adolescente louca pelo Milton, A primeira música que cantei no meu primeiro show, aos 16 anos, foi 'Fazenda', que ele compôs com o Nélson Ângelo."

    Zélia passa então a descrever como as canções do álbum a emocionam. "Caxangá", "Canção Amiga", "O Que Será", "Mistério, "Beijo Partido", "Travessia". Enfim, todas.

    "É isso mesmo. 'Travessia' é um clássico, nunca na vida pensei que fosse gravar. Porque sempre me preocupo em gravar o que não é óbvio. Essa música acabou ficando como uma canção de festas, mas é muito triste, não? Acho que eu e o Jaques encontramos a tristeza dela de volta."

    O álbum ganhou outra tiragem, limitada a 300 cópias, vendidas apenas pelo site da gravadora Biscoito Fino, numa caixinha de luxo com 14 cartões com colagens do artista Nino Cais.

    Embalagem diferenciada para conteúdo idem. O formato sonoro é bem diferente dos mais palatáveis, como voz e violão ou voz e piano. As músicas criam beleza desassociada das harmonias consagradas nos originais. O cello tem som grave, como a voz peculiar da cantora.

    A dupla faz show no dia 5, no NET Rio. Será que vão sentir estranheza na proposta musical? "Eu quero é que elas se apavorem!", diverte-se Zélia.

    INVENTO +
    ARTISTA Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum
    GRAVADORA Biscoito Fino
    QUANTO R$ 29,90 e R$ 120 (box especial, em biscoitofino.com.br)
    CLASSIFICAÇÃO ótimo ★★★★★

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024