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    Autora portuguesa recusa Oceanos, citando 'prêmio' literário entre aspas

    MAURÍCIO MEIRELES
    COLUNISTA DA FOLHA

    01/12/2017 18h08

    Reprodução
    A escritora Maria Teresa Horta
    A escritora Maria Teresa Horta

    A escritora portuguesa Maria Teresa Horta recusou o prêmio Oceanos de literatura, em carta enviada aos organizadores do troféu e um post em sua página do Facebook.

    Ela foi classificada em quarto lugar, empatada com "Simpatia pelo Demônio" (Companhia das Letras), de Bernardo Carvalho. Ela foi eleita pelo livro "Anunciações".

    "Venho comunicar-vos o meu repúdio da classificação - 4º. lugar ex-aequo com Bernardo Carvalho - e respectivo 'prêmio' pecuniário", escreveu ela na carta.

    "Faço-o por respeito pela Literatura, por respeito pelas minhas leitoras e os meus leitores, e sobretudo pelo respeito que devo a mim própria e à minha já longa obra."

    Com a recusa, os R$ 15 mil que a autora receberia, o prêmio em dinheiro será todo entregue a Carvalho.

    De acordo com a curadora do Oceanos, Selma Caetano, o júri fez três votações para tentar desempatar a quarta colocação, mas o resultado foi sempre o mesmo.

    "O regulamento manda que tentemos desempatar por todas as formas. Fizemos todas as previstas e não conseguimos. Por isso resolvemos respeitar o desejo do júri", afirma ela, acrescentando que não entendeu muito bem os motivos. "Aceitamos a recusa e continuamos respeitando muito a obra dela".

    Leia a carta da autora na íntegra:

    "Ao Itaú Cultural
    Exmºs. Senhores
    Lisboa, 30 de Novembro de 2017
    Venho comunicar-vos o meu repúdio da classificação - 4º. lugar ex-aequo com Bernardo Carvalho - e respectivo "prémio" pecuniário, que me foram atribuídos pelo júri do Prémio Oceanos 2017, ao que soube ontem através da comunicação social, com posterior confirmação da curadora brasileira Selma Caetano.
    Faço-o por respeito pela Literatura, por respeito pelas minhas leitoras e os meus leitores, e sobretudo pelo respeito que devo a mim própria e à minha já longa obra.
    Assim sendo, caros senhores, sois livres de dar a aplicação que vos aprouver aos 15 mil reais (4 mil euros) que me caberiam, não fosse esta inultrapassável questão que se me coloca e dá pelo nome de dignidade.
    Sem outro assunto,
    apresento os melhores cumprimentos
    Maria Teresa Horta"

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