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    Cristovão Tezza estreia na poesia em edição artesanal de 300 exemplares

    MAURÍCIO MEIRELES
    COLUNISTA DA FOLHA

    11/12/2017 02h15

    Theo Marques/Folhapress
    O escritor Cristovão Tezza
    O escritor Cristovão Tezza

    Após uma longa e premiada carreira na prosa, Cristovão Tezza é outra vez um estreante. O autor de "O Filho Eterno", após décadas dedicados à experiências com a estética realista, lança pela primeira vez um livro de poesias: "Eu, Prosador, Me Confesso", em uma edição artesanal de 300 exemplares.

    "Baixou a inspiração", diz Tezza, também colunista da Folha. "Romance é mais braçal. Todo dia, entre 9h e 12h, eu escrevo. Mas você não pode fazer assim com poesia."

    Ele só havia se aventurado no gênero na juventude e vê a poesia como algo relacionado à sua maturidade. Para Tezza, 58, a poesia é uma forma de tratar de questões com menos mediação entre autor e texto –na prosa, conta, há elementos como o narrador e os personagens no meio.

    "Na prosa o autor fica mais oculto. Nela, o autor está na arquitetura toda, em outro nível. Já a poesia é uma linguagem afirmativa, é tentar decifrar coisas sem essa mediação. O poeta tem que assinar embaixo do que diz."

    Para o escritor é como se o poeta "concordasse" com as palavras que escreve e buscaria, pela inspiração, dizer algo "sincero" sobre as coisas.

    Tezza diz-se influenciado por Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, mas também lê contemporâneos como Paulo Henriques Britto, Ana Martins Marques e Luci Collin, entre outros.

    Vários poemas fazem referência aos modernistas, como "Poeminha para Manuel Bandeira" e outros com um estilo drummondiano, como "A Mão" e "Descampado". O ar prosaico também traz uma influência do modernismo.

    "Considero Drummond a voz absoluta da cultura brasileira. Ele sintetiza tanta coisa de nossa cultura e língua que é difícil de superar."

    Ética e Pós-Verdade
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    O autor usa versos livres e brancos, mas diz dar atenção à composição formal. "O rigor formal é importante mesmo no verso livre", diz ele, que leu na infância "Tratado de Versificação", de Olavo Bilac.

    O autor está em São Paulo para um lançamento duplo. Além da estreia na poesia, ele tem um ensaio em "Ética e Pós-Verdade", ao lado de outros escritores. Com organização de Manuel da Costa Pinto, também colunista da Folha, os ensaios discutem os dois conceitos que dão título à obra em vários campos.

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    EU, PROSADOR, ME CONFESSO
    AUTOR Cristovão Tezza
    EDITORA Quelônio
    QUANTO R$ 64 (R$ 52 no dia do lançamento)
    LANÇAMENTO segunda (11), às 19h, no Bar Balcão (r. Doutor Melo Alves, 150)

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    ÉTICA E PÓS VERDADE
    AUTORES Cristovão Tezza, Julián Fuks, Márcia Tiburi, Vladimir Safatle e Christian Dunker
    EDITORA Dublinense
    QUANTO R$ 34,90
    LANÇAMENTO terça (12), 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista 2073)

    Edição impressa

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