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    Notas expõem racha entre Ancine e Ministério da Cultura

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    13/12/2017 17h18

    Zanone Fraissat/Folhapress
    O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão
    O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão

    Após a publicação de duas notas oficiais, tornou-se público o racha que existe nos bastidores entre Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura, e Débora Ivanov, presidente interina da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

    Na noite de terça (12), o Ministério da Cultura soltou um comunicado afirmando que o comitê gestor do Fundo Setorial do Audiovisual, capital de fomento à produção nacional, havia aprovado a formulação, até abril de 2018, de políticas para reduzir desigualdades de raça e gênero no setor.

    A nota é expressa em dizer que o único voto contrário dentro do comitê havia sido dado por Ivanov.

    Na tarde desta quarta (13), contudo, a Ancine soltou outro comunicado sobre a mesma reunião, dizendo que a presidente-interina é a favor das medidas.

    O texto informa que, na ocasião, a Ancine defendeu a adoção de uma pontuação suplementar para projetos audiovisuais que contem com diretores negros, mulheres e indígenas. Segundo a nota, Ivanov havia votado pela adoção imediata dessas medidas, mas que Sá Leitão havia se oposto à ideia e sugerido que o Conselho Superior de Cinema debatesse o tema.

    A Ancine ainda soltou uma segunda nota, de esclarecimento, mais enfática: "Débora Ivanov se manifestou a favor da imediata aplicação de uma política para a redução da desigualdade de gênero e raça no mercado", diz o comunicado.

    Essa segunda nota da Ancine prossegue dizendo que o ministro "se posicionou contra a aplicação dos indutores de raça e gênero nos editais", argumentando que a "discriminação positiva não asseguraria resultados benéficos para a política pública do audiovisual" e que a medida seria inconstitucional.

    Sá Leitão e Ivanov vêm protagonizando uma disputa nos bastidores do audiovisual, e que tem a ver com o futuro presidente da Ancine e com um eventual esvaziamento de suas funções. Em entrevistas, o ministro tem feito críticas à gestão da agência reguladora.

    Como a presidência da Ancine está vaga, existem três postulantes ao posto. Vinda da produção, Ivanov conta com o apoio de diversas entidades do cinema.

    Já Alex Braga, que é servidor de carreira, é endossado por parte dos funcionários da agência. E Christian de Castro, que também vem do setor, tem como grande fiador o ministro Sá Leitão.

    A Folha apurou com fontes ligadas à Ancine que o ministro tem buscado chamuscar Ivanov para sustentar a candidatura de seu afilhado.

    Sá Leitão também tem criticado em reuniões a forma como os pareceristas da agência reguladora aprovam os projetos audiovisuais e defendido que integrantes do ministério também passem a avaliá-los.

    Em entrevistas, o ministro também tem defendido que o Fundo Setorial do Audiovisual passe a ter um estudo de impacto econômico na aprovação de projetos. Para especialistas do setor, isso acabaria afogando a produção de filmes com valores mais artísticos do que comerciais.

    A escolha do presidente da Ancine é de competência do presidente da República.

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