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    Crítica

    Filme enaltece apuro estético e gênio criativo dos irmãos Lumière

    NAIEF HADDAD
    DE SÃO PAULO

    14/12/2017 01h00

    Divulgação
    Cena do documentário 'Lumière!', de Thierry Fremaux
    Cena do documentário 'Lumière!', de Thierry Fremaux

    LUMIÈRE! A AVENTURA COMEÇA (muito bom)
    DIREÇÃO Thierry Frémaux
    PRODUÇÃO França, 2016, 90 min
    QUANDO Estreia nesta quinta (14)
    Veja salas e horários de exibição

    *

    O documentário "Lumière!" reúne filmes realizados pelos irmãos franceses Auguste (1862-1954) e Louis (1864-1948), que entraram para a história como "os pais do cinema", apesar das controvérsias sobre esses anos de pioneirismo.

    São 108 filmetes recém-restaurados, cada um com cerca de 50 segundos.

    Embora costure essas relíquias produzidas entre o final do século 19 e o começo do 20, o documentário tem a vivacidade do presente.

    Uma frase estampada no cartaz de "Lumière!" já sinaliza sua atualidade: "composto e comentado por Thierry Frémaux". Ao evitar a assinatura como diretor, como seria previsível, ele põe em questão a autoria, discussão presente em todas as expressões artísticas neste século.

    Os filmetes que integram o documentário não foram feitos por Frémaux, mas é do francês a curadoria dessa compilação, que se apoia em interpretações sofisticadas da arqueologia do cinema. Nesse sentido, ele não é também um autor?

    Além disso, como diretor do Instituto Lumière, Frémaux é um dos responsáveis pela restauração de cerca de 1.500 filmes dos irmãos —os trabalhos escolhidos para compor "Lumière" têm nitidez notável.

    Mas o calor contemporâneo do documentário está, sobretudo, nos filmes dos irmãos Lumière em si.

    Em 1895, o cinematógrafo de Auguste e Louis exibiu "A Saída da Fábrica Lumière em Lyon". Foram as primeiras imagens em movimento apresentadas ao público. Quanto a isso, não parece haver dúvida. No entanto, Frémaux, que também é diretor do Festival de Cannes, defende que os Lumière foram muito além do papel desbravador na seara técnica.

    Também eram, segundo ele, gênios criativos na concepção dos filmes, precursores de valores estéticos que prevalecem até hoje.

    Esses argumentos de Frémaux só ganham legitimidade porque, ao longo do documentário, nos é dada a chance de ver suas opiniões em cada fotograma de filmes como "O Almoço do Bebê".

    Um exemplo do caráter vanguardista gestado nas filmagens dos irmãos Lumière é "O Regador Regado", a primeira comédia no cinema, cuja graça se mantém intacta.

    De modo geral, além de divertida, a narração é didática sem soar banal. Ancorado no passado, "Lumière" explica e inspira o cinema do presente.

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