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    CRÍTICA

    Longa tem belas imagens, mas afunda no psicologismo rasteiro

    NAIEF HADDAD
    DE SÃO PAULO

    14/12/2017 02h00

    Divulgação
    Josh Hartnett em 'O Poder e o Impossível
    Josh Hartnett em 'O Poder e o Impossível'

    O PODER E O IMPOSSÍVEL (ruim)
    DIREÇÃO Scott Waugh
    ELENCO Josh Hartnett, Mira Sorvino, Sarah Dumont
    PRODUÇÃO EUA, 2017, 102 min, 14 anos
    Veja salas e horários de exibição

    *

    "O Poder e o Impossível" são duas narrativas que correm paralelas. Para a nossa tristeza, a segunda (e pior) engole a primeira.

    A primeira acompanha Eric LeMarque (Josh Hartnett) quando jovem. Suas obsessões são o snowboard (esporte com manobras radicais na neve) e a cocaína, nem sempre nesta ordem.

    Durante fim de semana em uma estação de esqui na imponente High Sierra, nos EUA, o rapaz decide se arriscar por uma rota proibida e, depois de uma tempestade, acaba isolado.

    Não bastassem a fome e o frio, LeMarque tem a perna machucada.

    A saga do personagem pela sobrevivência –baseada em episódios verídicos– é apresentada de modo correto. À primeira vista, estamos diante de um passatempo despretensioso.

    Contribuem para essa primeira narrativa as belas imagens das montanhas da Califórnia e a atuação convincente de Hartnett, ator de filmes como "A Dália Negra" (2006) e "Cavalos Selvagens" (2016).

    No entanto, "O Poder e o Impossível" afunda como as botas de LeMarque na neve espessa quando a segunda narrativa ganha corpo.

    Há uma sucessão de flashbacks que mostram como o garoto LeMarque foi prejudicado pelo rigor competitivo do pai, um treinador de hóquei no gelo que gosta de distribuir frases de efeito.

    O contraponto familiar, vejam só, é a docilidade quase patética da mãe, interpretada por Mira Sorvino, de "Poderosa Afrodite" (1995).

    Ex-dublê, o diretor Scott Waugh poderia se restringir ao que sabe fazer, cenas de ação e registros da natureza. Mas ele se entrega ao psicologismo rasteiro, enquadrando qualquer atitude do protagonista a relações de causa e efeito. O passado sempre justifica o presente.

    Além disso, Waugh faz tentativas canhestras de evocar a espiritualidade.

    Daí em diante, como no snowboard, é ladeira abaixo.

    Assista ao trailer de 'O Poder e o Impossível'

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