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    Portugal terá em 2018 um dos maiores museus de arte urbana do mundo

    GIULIANA MIRANDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LISBOA

    31/12/2017 02h00

    Portugal, que nos últimos anos vem dando destaque à arte de rua, inaugura em 2018 dos maiores museus do mundo inteiramente dedicados à arte urbana.

    Batizado de Marcc (Museu de Arte Urbana e Contemporânea de Cascais), o espaço deve ser aberto na primavera europeia –entre abril e junho– de 2018. O projeto é uma parceria da Câmara Municipal de Caiscais, cidade vizinha a Lisboa, e do artista plástico português Alexandre Farto, mais conhecido pelo nome artístico Vhils.

    Ele doou mais de 250 obras de seu acervo particular para a coleção inicial da casa. Além de trabalhos assinados por ele mesmo, há outros de destaque internacional, incluindo Banksy e Shepard Fairey –que criou o célebre cartaz de Barack Obama com a palavra "hope" (esperança).

    Serão mais de três centenas de obras espalhadas por 1.700 metros quadrados, em um ambiente concebido especialmente para o museu, privilegiando a luz natural e permitindo uma interação entre as exposições e o público.

    Rafael Marchante/Reuters
    Portuguese artist Alexandre Farto, known by the tag name VHILS, poses for a portrait at his study in Lisbon December 4, 2014. The 27-year-old's fame has recently outgrown the boundaries of street art, with his first large personal exhibition hitting the museum circuit earlier this year, while just this week he launched a video crafted for the Irish band U2. Picture taken on December 4. REUTERS/Rafael Marchante (PORTUGAL - Tags: SOCIETY PORTRAIT) ORG XMIT: RFM15
    O português Vhils começou sua carreira no grafite

    "Queremos que o museu seja vivo e dinâmico", resume Vhils, que nasceu na Grande Lisboa e começou no grafite antes de se aventurar por suportes diversos, como cortiça e pedras portuguesas.

    O artista diz que a criação do museu de arte contemporânea busca "validar, dar espaço e respeito a esse movimento multifacetado e multidisciplinar constituído por pessoas que fizeram muito pela arte no espaço público".

    CALENDÁRIO

    Ainda que não haja data precisa para a abertura, o calendário de exibições já está bem traçado. Além do acervo fixo, o Marcc contará com três mostras temporárias por ano.

    A ideia dos criadores é contar a trajetória da arte urbana e, ao mesmo tempo, apresentar novos artistas, tanto de Portugal como do exterior.

    A exposição inicial, como era de se esperar, ficará a cargo de Vhils, que promete trabalhos inéditos e expressivos.

    Para dar um gostinho do que está por vir, o artista de 30 anos já começou a "carimbar" o espaço com intervenções. A palavras "invisível" foi grafada em uma das paredes. A inscrição irá desaparecer assim que o acervo permanente for movido para o museu.

    Além disso, em 2018 haverá uma mostra com a história da arte urbana, outra do hispano-argentino Felipe Pantone e mais uma com um autor a ser confirmado.

    O museu deve contar com uma área gratuita e outra com exposições pagas.

    Além das exibições em seu interior, o Marcc terá ainda um jardim de esculturas externo. A ideia é que ele seja permanentemente "atualizado" com novas obras.

    Com o intuito de criar uma perspectiva mais abrangente e internacional, a curadoria do Marcc ficará a cargo de um grupo de artistas independentes, incluindo portugueses e também estrangeiros.

    A Câmara Municipal de Cascais (órgão equivalente à prefeitura) promete investir na aquisição periódica de obras.

    BAIRRO DOS MUSEUS

    "Depois de termos a Paula Rego como grande representante da arte contemporânea, tínhamos que buscar Vhils, que é aquele que entendemos ser o símbolo de uma juventude muito criativa e altamente cosmopolita, capaz de atrair para Portugal o melhor talento mundial", diz Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal.

    Luz refere-se à existência, em Cascais, da Casa de Histórias Paula Rego, centro multicultural em homenagem à artista homônima, um dos principais nomes da arte portuguesa das últimas décadas.

    Como o espaço dedicado à artista, o Marcc ficará na área de Cascais chamada de Bairro dos Museus. O complexo já tem 15 aparelhos culturais, que contemplam diversos estilos e períodos artísticos. Entre os outros destaques do quadrilátero de museus está o Centro Cultural de Cascais.

    O complexo cultural de frente para o mar tem atividades que vão desde o teatro até a literatura e a pintura. As distâncias entre os espaços são curtas, podendo-se andar de um canto a outro em menos de cinco minutos.

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