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    Diário de Los Angeles - L, o vampiro de Hollywood

    FERNANDA EZABELLA

    12/10/2014 03h12

    O assobio sombrio percorre os corredores escuros da exposição. É o trecho em que o assassino de crianças compra um balão para sua próxima vítima, no clássico "M, O Vampiro de Düsseldorf" (1931), de Fritz Lang (1890-1976). No fundo da mostra, instalada no alto de uma parede, a robô Maria, de "Metrópolis" (1927), observa os visitantes do Lacma, o Museu de Arte do Condado de Los Angeles.

    Um dos nomes mais importantes do expressionismo alemão, Lang aparece em duas exposições na cidade que celebram o movimento artístico no cinema e a influência de imigrantes europeus em Hollywood.

    Em "Haunted Screens" (telas assombradas), em cartaz até abril no Lacma, há uma centena de desenhos de sets e fotografias de filmes do cinema alemão dos anos 20, incluindo obras de F. W. Murnau (1888-1931), Robert Wiene (1873-1938) e G. W. Pabst (1885-1967). Um corredor inteiro é dedicado a registros de escadas, uma temática recorrente dos expressionistas, e num paredão há pôsteres da época.

    "O cinema expressionista serviu de catalisador para gêneros subsequentes, mais notavelmente os filmes de terror. E a ênfase na psicologia moderna estabeleceu um precedente para o que veríamos depois em quase todo filme de ficção científica", disse Britt Salvesen, curadora do Lacma. No próximo domingo (19), o museu promove um debate sobre os efeitos especiais de "Metrópolis".

    Lang nunca deixou L.A.: seu corpo está enterrado no cemitério Forest Lawn Hollywood Hills.

    CAFÉ DE "CASABLANCA"

    Lang, como Pabst e outros diretores do período, deixou a Alemanha com a chegada dos nazistas ao poder, em 1933, e acabou em Hollywood, onde fez meia dúzia de longas, como o "noir" "Um Retrato de Mulher" (1944) e o filme de guerra "O Grande Segredo" (1946).

    Os dois trabalhos serão exibidos na mostra "Light & Noir", no centro cultural judaico Skirball (de 23/10 a 1/3), sobre europeus que chegaram entre 1933 e 1950 e fizeram parte da Era de Ouro.

    Filmes antinazistas, "noir" e comédias ganham destaque na exposição, que terá figurinos de Ingrid Bergman e Marlene Dietrich, um dos Oscars de Billy Wilder, além de móveis e objetos de cena do café Rick's de "Casablanca" (1942).

    TATUADOR APRENDIZ

    "Asiáticos têm cara de médicos", explica o californiano de origem asiática Brian Woo, 33, justificando seu nome profissional, Dr. Woo. Ele trabalha com agulhas, mas não veste jaleco. Sua profissão é tatuador, num dos estúdios mais badalados de Los Angeles, o Shamrock Social Club, na Sunset Strip. Segundo a revista "Nylon", ele é o "tatuador do momento entre os angelenos promissores".

    Há menos de 10 anos, Woo abandonou a carreira de estilista para virar aprendiz de Mark Mahoney, nome lendário da tatuagem americana que já deixou suas marcas em gente como Sid Vicious, Lana Del Rey, Johnny Depp e Anne Hathaway. Enquanto Woo cuidava do estúdio como gerente, aprendia com o mestre e fazia testes em amigos.

    Em poucos anos, virou queridinho da comunidade com um estilo único de desenhos etéreos e fotográficos. Seu cliente famoso mais recente foi o rapper Drake, que tatuou um retrato do pai no braço. "O mais difícil para mim foi começar tudo de novo, do zero. A comunidade é intimidadora, e Mark é a epítome do cool para mim", disse Woo.

    A fila para marcar uma sessão leva mais de seis meses. Uma tattoo sai por, no mínimo, US$ 200. Depois da onda das tribais e desenhos no ombro, ele diz que a moda agora é tatuar os dedos, além de tattoos de penas, flechas e escrituras.

    PROJETO ODISSEIA

    Durante o mês de outubro, diversos eventos, organizados pela Biblioteca Pública em mais de 70 bibliotecas e dois museus da cidade, celebram a "Odisseia", de Homero. No Hammer Museum e no Getty Villa, nos dias 15 e 16, respectivamente, a poeta britânica Alice Oswald fala de como a luz funciona como personagem do poema épico, além de ler trechos da obra e poemas de sua autoria, inspirados na trama grega. No dia 25, na Central Library (veja a programação em lfla.org/odyssey), acontece uma maratona de leitura da obra em voz alta.

    FERNANDA EZABELLA, 33, é jornalista.

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