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    Diário de Los Angeles - Adeus à casa de Bradbury

    FERNANDA EZABELLA

    08/02/2015 03h08

    A charmosa casa amarela onde o autor de "Fahrenheit 451" morou por mais de 50 anos, no bairro de Cheviot Hills, foi vendida pelo equivalente a R$ 4,8 milhões ao arquiteto Tom Mayne, vencedor do Pritzker, no ano passado. Seis meses depois, a residência sumiu do mapa, demolida por escavadeiras, para desespero de fãs e historiadores.

    A casa de 1937 trazia diversos móveis embutidos e azulejos de época, espalhados por três quartos. Mayne ficou "chocado" com a reação e prometeu um tributo ao autor de ficção científica, morto aos 91 anos em 2012. Diz que a nova casa terá um muro com os nomes dos livros de Bradbury.

    Com a residência destruída, se vão os sonhos de um museu local, e os fãs terão que esperar pela abertura do Bradbury Memorial Archive, na Universidade de Indiana. A instituição recebeu da família mais de 40 anos de correspondências, prateleiras inteiras de livros, manuscritos, gravações de voz e máquinas de escrever. O centro quer recriar o escritório que Bradbury tinha no porão da casa.

    "Sinto falta da velha casa amarela mais do que posso dizer publicamente", disse Jonathan R. Eller, diretor do Center for Ray Bradbury Studies. "Mas ela nunca será perdida se trabalharmos juntos para preservar sua memória."

    Bradbury era entendido de arquitetura. No livro recém-lançado "Ray Bradbury: The Last Interview and Other Conversations" (Melville House), ele conta como foi consultor de dois shoppings em Los Angeles, um deles justamente onde acontece o Oscar.

    Quando questionado sobre como reconstruir a decadente Hollywood, ele sugeriu "gigantes pilares com belos elefantes brancos no topo, como o set do filme 'Intolerância' (1916, de D.W. Griffith)." Os elefantes de cimento estão lá até hoje.

    VENDO ESTRELAS

    Hollywood and Highland é o nome do shopping com os tais paquidermes e onde fica o Dolby Theater, ex-Kodak, um teatro que já recebeu shows do Cirque du Soleil e Bob Dylan, além de ser palco das cerimônias do Oscar desde 2002.

    O tapete vermelho é desenrolado na frente do shopping, onde passa um trecho da Calçada da Fama, lugar sem glamour algum nos outros dias do ano. É, na verdade, uma farofada de turistas, lojas de roupas genéricas e um bando de pedintes vestidos de super-heróis. No dia 22, tudo estará higienizado para a chegada das estrelas.

    Para quem quiser vê-las de perto, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas organiza uma série de encontros com alguns dos indicados à estatueta, na semana que antecede o Oscar, em sua sede em Beverly Hills.

    Do dia 17 ao 21, serão convidados diretores dos documentários, animações e filmes estrangeiros, além dos concorrentes a melhor maquiagem (ingressos custam US$ 5, oscars.org/events). Já os figurinos dos longas nomeados estarão numa exposição gratuita no Fashion Institute of Design & Merchandising, entre 10/2 e 25/4.

    VUITTON E TASCHEN

    Outra exposição fashion na cidade vem dos bastidores da Louis Vuitton, que abre neste final de semana num espaço temporário em Hollywood. Será uma "experiência multimídia e interativa" para mostrar aos visitantes como é criada uma coleção e como seu desfile é organizado. O tema será a coleção de primavera 2015, apresentada em outubro em Paris. Não haverá produtos à venda, e a mostra termina em duas semanas.

    A editora de livros de arte Taschen também ganhou um espaço expositivo, mas fixo, num galpão na esquina das ruas Beverly Blvd. e Crescent Heights Blvd. A galeria abriu no final de 2014 com uma exposição de 100 fotografias raras dos Rolling Stones, tiradas por David Bailey, Anton Corbijn e outros. As imagens estão à venda, em cartaz até dia 15, e fazem parte de um novo livro de fotografias da banda.

    MAIS HISTÓRIAS DO ROCK

    Kim Gordon, do Sonic Youth, lança sua aguardada autobiografia no dia 24 e é entrevistada ao vivo num encontro do Live Talks, em 5/3 (ingressos a US$ 20 em livetalksla.org/events/kimgordon). Em "Girl in a Band" (Dey Street Books), ela fala sobre como foi crescer na Califórnia dos anos 60 e 70, a mudança para Nova York nos anos 80 e o relacionamento com os homens, como Thurston Moore, de quem se separou em 2011.

    FERNANDA EZABELLA, 34, é jornalista.

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