• Ilustríssima

    Monday, 06-May-2024 00:12:08 -03

    A ponte Mirabeau

    GUILLAUME APOLLINAIRE
    tradução NELSON ASCHER
    ilustração DAVID MAGILA

    24/01/2016 02h09

    SOBRE O TEXTO Este poema, escrito em 1912, é um dos mais famosos do autor de expressão francesa nascido em Roma e, como tal, teve várias versões em português. Nelson Ascher apresenta, para a "Ilustríssima", uma nova tradução do texto, cujo original pode ser lido logo em seguida.

    David Magila

    Da ponte Mirabeau eu vejo o Sena
    Passar e nosso amor
    Lembrá-lo vale a pena
    A alegria não vinha antes da dor

    Venha a noite soe o sino
    Vão-se os dias eu me obstino

    Sigamos de mãos dadas face a face
    E sob a ponte feita
    De nosso abraço esvai-se
    Exausta a onda sem fim de tanta espreita

    Venha a noite soe o sino
    Vão-se os dias eu me obstino

    O amor como este rio vai-se e em seguida
    Se perde na distância
    É muito lenta a vida
    E violenta demais toda esperança

    Venha a noite soe o sino
    Vão-se os dias eu me obstino

    O tempo passa e arrasta em seu cortejo
    A vida e o amor sem pena
    E nada volta eu vejo
    Da ponte Mirabeau passar o Sena

    Venha a noite soe o sino
    Vão-se os dias eu me obstino

    *

    Le Pont Mirabeau

    Sous le pont Mirabeau coule la Seine
    Et nos amours
    Faut-il qu'il m'en souvienne
    La joie venait toujours après la peine

    Vienne la nuit sonne l'heure
    Les jours s'en vont je demeure

    Les mains dans les mains restons face à face
    Tandis que sous
    Le pont de nos bras passe
    Des éternels regards l'onde si lasse

    Vienne la nuit sonne l'heure
    Les jours s'en vont je demeure

    L'amour s'en va comme cette eau courante
    L'amour s'en va
    Comme la vie est lente
    Et comme l'Espérance est violente

    Vienne la nuit sonne l'heure
    Les jours s'en vont je demeure

    Passent les jours et passent les semaines
    Ni temps passé
    Ni les amours reviennent
    Sous le pont Mirabeau coule la Seine

    Vienne la nuit sonne l'heure
    Les jours s'en vont je demeure

    *

    Escute Guillaume Apollinaire ler seus poemas "Le Pont Mirabeau" e "Marie" em gravações feitas entre 1911 et 1914.

    Ouça no soundcloud

    *

    Léo Ferré (1916-93) canta sua versão musicada do poema

    Léo Ferré (1916-93) canta sua versão do poema

    GUILLAUME APOLLINAIRE (1880-1918) poeta francês precursor do surrealismo.

    NELSON ASCHER, 58, é poeta e tradutor, autor de "Parte Alguma" (Companhia das Letras).

    DAVID MAGILA, 36, é artista plástico.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024