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    Pendengas e café batizado

    FERNANDA EZABELLA

    31/01/2016 02h06

    A quatro semanas da maior premiação do cinema americano, Los Angeles vive o burburinho do Oscar, –desta vez, porém, gerado menos pelo glamour e mais pelas querelas puxadas pela falta de negros entre os indicados.

    A resposta da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood foi quase imediata, com uma mudança histórica na elegibilidade de seus votantes, mas não sem causar mais dor de cabeça para a presidente do grupo, Cheryl Boone Isaacs.

    Mario Anzuoni - 19.fev.2014/Reuters
    A presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs
    A presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs

    Cheryl foi rápida no gatilho porque a causa ressoa em casa. Ela é a primeira negra a liderar a Academia e está em seu terceiro e último mandato. A principal mudança, com o objetivo de dobrar o número de mulheres e minorias entre os votantes até 2020, está no direito ao voto: ele deixa de ser vitalício e passa a valer por dez anos, com renovação se o votante continuar ativo na indústria (indicados e ganhadores seguem vitalícios).

    "A ideia geral é ofensiva aos negros e aos membros da Academia", escreveu Milton Justice (produtor do documentário "Down and Out in America", vencedor do Oscar em 1987) na revista "The Hollywood Reporter", que ouviu diversos indignados, a maioria da velha guarda, chateada por levar a pecha de racista. "Os negros só votam nos negros? Eu votei no Sean Penn em 'Milk' porque sou gay?"

    Cheryl sabe que a falta de minorias no Oscar começa antes na cadeia cinematográfica, mas quer que a "Academia lidere as mudanças e não fique só esperando".

    Ela estava na instituição fazia 21 anos quando foi eleita presidente, em 2013, tendo passado antes pelos cargos de vice-presidente e tesoureira. Ex-aeromoça, começou a trabalhar como executiva de marketing dos estúdios nos anos 1970. Hoje, aos 66 anos, tem sua própria empresa e deu consultoria para filmes como "O Artista" (2011) e "O Discurso do Rei" (2010).

    MAIS "RESPECT"

    O rei do soul Otis Redding (1941-67), autor de "Respect" (1965), "(Sittin' on) The Dock of the Bay" (1967) e "Hard to Handle" (1968), é homenageado com uma exposição inaugurada neste mês no Grammy Museum.

    A mostra, que vai até setembro, é repleta de vídeos de suas performances eletrizantes e lembranças de sua vida. Além de seus dois Grammys e de um par de abotoaduras com suas iniciais, estão lá o macacão jeans que ele vestiu no vídeo de "Tramp" (1967) e um terno de cetim vermelho, com camisa da mesma cor, usado na turnê europeia de 1967 e na capa de seu último disco.

    Redding, que preencheu a lacuna entre rock e soul dos anos 1960, reunindo brancos e negros em seus shows, morreu num acidente de avião aos 26 anos. Sua mala, resgatada dos escombros, assim como uma nota fiscal de seu último hotel, ocupam uma das vitrines da exposição.

    DIA DA FERRARI

    A cidade ganhou mais um prédio de arquitetura impactante em dezembro, na esquina das avenidas Wilshire e Fairfax, com a reabertura do Petersen Automotive Museum, após uma reforma de US$ 125 milhões, cuja fachada curva de metal. Sua fachada é feita de faixas de metal em curvas, numa alusão a pistas de corrida.

    Parcerias com grandes empresas facilitaram exibições inéditas, como a feita com o estúdio de animação Pixar, da franquia "Carros", que ensina a mecânica de um automóvel. Há também simuladores de corrida Indy 500 e uma mostra com cinco carros dos filmes de 007.

    Entre os próximos eventos, no dia 21/2, aniversário de Enzo Ferrari (1898-1988), vários carros da "scuderia" se reunirão no estacionamento do local, que fica de frente para o futuro museu da Academia do Oscar, projeto de Renzo Piano a ser inaugurado em 2017.

    CAFÉ DA NOITE

    Um novo bar em Hollywood oferece café da manhã noite adentro. O Nighthawk Breakfast Bar abre de sexta a domingo, das 22h às 2h, e tem uma carta peculiar de bebidas. A mais popular é o "spike cereal milk": uma garrafa de leite gelado, nos sabores gim, brandy ou bourbon (US$ 13 cada), para beber de canudinho.

    O visitante é recebido com jornal e café preto. Entre os drinques de café, há desde o tradicional Irish Coffee, com uísque, ao exótico Oaxacan Coffee, que leva chocolate quente, canela e mescal.

    FERNANDA EZABELLA, 35, é jornalista.

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