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    O Indiana Jones da gula de Los Angeles

    FERNANDA EZABELLA

    16/10/2016 02h03

    Jonathan Gold passa por um típico excêntrico de Los Angeles. Bem acima do peso normal, adepto dos suspensórios e do cabelo comprido, ainda que ralo demais para esconder a careca, ele circula pela cidade numa antiga caminhonete verde. Apesar do estilo antiquado, Gold é um verdadeiro desbravador moderno da cidade e conquistou sua fama, e seu Pulitzer, pelo estômago dos leitores.

    Crítico gastronômico do "Los Angeles Times", o americano de 56 anos é tema do documentário "City of Gold", que mostra como sua procura por restaurantes nas mais diversas comunidades de imigrantes transformou o circuito gourmet local nas últimas décadas. Sua prosa elegante e carismática, misturando comida, cultura e histórias dos chefs, rendeu-lhe um Pulitzer em 2007, o primeiro dado a um crítico de sua área.

    Gold foi pioneiro em colocar no mesmo espaço nobre de suas colunas food trucks de tacos (como o Guerilla Tacos) e restaurantes cinco estrelas (como o francês Trois Mec), além de levar a comunidade "foodie" para recantos inexplorados de L.A., como os bairros dos tailandeses (no apimentadíssimo Jitlada), dos iranianos (na sanduicheria Attari) e dos etíopes (no Meals by Genet, cuja resenha levou a filas na porta e salvou o local de fechar).

    "Muitas comunidades não estavam cozinhando para turistas ou para críticos, ou por glória. Mas sim pela necessidade da vizinhança", diz Gold. "Costumo visitar o restaurante mais de uma vez antes de escrever sobre ele. Se não conheço a comida, vou muito mais. Meu recorde foi de 17 visitas."

    O documentário está disponível na Amazon e funciona como um roteiro curioso de L.A. No dia 25/10, acontece o festival gastronômico Bite Nite, com a participação de 26 dos restaurantes favoritos de Gold (US$ 125). Suas críticas também saem no semanário "LA Weekly", no qual sua carreira começou, em 1986.

    ESCORREGADOR DAS ALTURAS

    A cidade ganhou um novo mirante, no 70º andar do prédio mais alto da costa oeste, o US Bank Tower. À maneira extravagante de quase tudo em Los Angeles, o espaço traz uma novidade: um escorregador transparente do lado de fora do prédio.

    A passagem é curta e rápida demais para dar vertigem. O escorregador, que dizem aguentar o peso de dez vagões de trem, tem cerca de 13 m de comprimento, indo de um andar a outro, a quase 300 m do chão. O mirante só perde em altura nos EUA para o Empire State Building, em Nova York, e para a Willis Tower (ex-Sears), em Chicago.

    O que pesa é o preço do ingresso: US$ 33 (cerca de R$ 106) com o escorregador. Para quem quiser apreciar vistas semelhantes sem pagar nada, basta subir a pé até o topo do parque Runyon Canyon ou ir até lá de carro passando pela Mulholland Drive. Há ainda o Griffith Park, que abriga o observatório homônimo, e o Lake Hollywood Park, com uma ótima vista perto do letreiro de Hollywood.

    DENTRO DE UM LICHTENSTEIN

    Depois do sucesso da recriação do quarto de Vincent van Gogh no Airbnb pelo Art Institute of Chicago, com o intuito de divulgar uma exposição em cartaz até maio, é a vez de um museu em Los Angeles entrar na brincadeira.

    O Skirball Cultural Center transformou uma de suas galerias num espaço interativo para se entrar no mundo do quadro "Bedroom at Arles" (1992), realizado por Roy Lichtenstein (1923-97) com inspiração nas pinturas do quarto de Van Gogh. Dá para sentar na cadeira e deitar na cama, mas não para pernoitar. A instalação integra uma retrospectiva de Lichtenstein, com cerca de 70 obras criadas durante quatro décadas.

    CARNAVAL DE RUA

    A maior festa de rua do Halloween nos Estados Unidos acontece no bairro gay de West Hollywood, onde meio milhão de pessoas aparecem fantasiadas no Santa Monica Boulevard (31/10, a partir das 18h, gratuito). Haverá coroação da rainha do Halloween (Rihanna já deteve o cetro) e shows (Boy George foi homenageado em 2015).

    Como não se pode beber nas ruas, os bares ao redor participam da bagunça –o tradicional The Abbey tem drinques, comida e dançarinos profissionais.

    E o Día de los Muertos, feriado mexicano, incrementa o clima festivo na cidade neste mês. Um dos destaques é o evento no Hollywood Forever Cemetery (29/10, 15h, US$ 20), que promete procissão, decoração de tumbas e quatro palcos para apresentações.

    FERNANDA EZABELLA, 35, é jornalista.

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