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    A Califórnia contra-ataca

    FERNANDA EZABELLA

    25/12/2016 02h04

    De todos os Estados americanos, a Califórnia é o que promete mais fogo contra as propostas conservadoras da administração Donald Trump. E a resistência não virá apenas dos protestos de rua, mas também dos políticos locais.

    O prefeito de Los Angeles anunciou nesta semana um fundo de US$ 10 milhões para ajudar na defesa de imigrantes que possam ser deportados, alocando o dinheiro para ONGs da área que formam advogados especializados.

    Já o chefe do departamento de polícia afirmou que não irá colaborar com regras federais mais agressivas para deportação de ilegais. "Manteremos nossa postura de sempre. Não fazemos detenções com base em status migratório", disse Charlie Beck.

    David McNew - 14.nov.2016/Getty Images/AFP
    Estudantes protestam contra plano de Donald Trump para deportações em Los Angeles, uma das 'cidades-santuário'
    Estudantes protestam contra plano de Donald Trump para deportações em Los Angeles, uma das 'cidades-santuário'

    Trump prometeu cortar fundos das regiões rebeldes, e Los Angeles poderia perder US$ 500 milhões de seu orçamento, voltados para segurança, moradia e saúde. "Tirar fundos porque não iremos agir como agentes federais não é só irresponsável como também imoral", atacou o prefeito.

    Quase um quarto dos 11 milhões de imigrantes ilegais residentes nos EUA está na Califórnia, de acordo com o Instituto de Políticas Públicas do Estado.

    O Estado mais populoso e rico dos EUA terá peso também em Washington. A democrata californiana Kamala Harris, segunda afro-americana a ser eleita para o Senado, fez de seu primeiro pronunciamento uma defesa da causa. "É dever de todos nós, como americanos patriotas, passar uma reforma abrangente da imigração", disse.

    No que se refere à mudança climática, Trump tem no governador Jerry Brown seu arqui-inimigo. Num discurso para cientistas, o democrata disse que pesquisas de aquecimento global feitas pela Nasa estão ameaçadas pelo presidente eleito. "Se Trump desligar os satélites, a Califórnia lançará seu próprio maldito satélite!", esbravejou. "Temos cientistas, temos advogados e estamos prontos para a briga."

    TREM DO FUTURO

    Enquanto não chega a Marte, o bilionário Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, patrocina uma das competições mais futurísticas do país (27 a 29/1), numa pista de 1,6 km erguida em sua firma aeroespacial, perto do aeroporto de L.A.

    Trinta equipes, em sua maioria formadas por universitários, vão apresentar suas versões para o conceito de "hyperloop", um novo sistema de transporte superveloz com cápsulas que levitam dentro de tubos com ar de baixa pressão, e que poderia encurtar uma viagem de Los Angeles a San Francisco. Entre os favoritos da competição está um grupo de estudantes de 20 e poucos anos, cuja invenção atinge 370 km/h.

    Foi Musk quem, há três anos, apresentou o "hyperloop" como uma alternativa ao futuro trem entre as duas cidades californianas. Desde então, duas empresas privadas se formaram para tentar o feito.

    PICASSO ENCONTRA RIVERA

    O espanhol Pablo Picasso (1881-1973) e o mexicano Diego Rivera (1886-1957) se encontram no museu Lacma até o começo de maio do ano que vem, entre 150 pinturas, aquarelas e gravuras. A exposição "Conversas Através do Tempo" compara a trajetória da dupla, famosa pela personalidade forte, pelas fases cubistas e pelo interesse por antiguidades.

    Um dos destaques da mostra é uma pequena natureza morta cubista assinada por Rivera, nunca antes exibida ao público, que Picasso comprou em 1915 quando os dois eram vizinhos em Paris.

    Outra exposição que promete longas filas em 2017 é a da japonesa Yayoi Kusama, a partir de outubro, no The Broad. Serão instaladas sete salas da série de ambientes imersivos "Infinity Mirrors" (que causaram furor quando da retrospectiva da artista no Brasil, em 2013/2014); haverá também pinturas, esculturas e trabalhos em papel que remontam ao começo da carreira dela, nos anos 1950.

    TRIBUTO A DAVID BOWIE

    Cinco shows ao redor do mundo celebram a carreira de David Bowie, em cidades que tiveram uma forte ligação com sua vida e obra. Cerca de 20 músicos, entre antigos colaboradores e amigos, participam de cada evento. A lista inclui Tom Waits, Sting, Herbie Hancock, Brian Eno, Iggy Pop, Smashing Pumpkins e Neil Young.

    Em Los Angeles, o show acontece em 25/1, no The Wiltern (US$ 65). Os outros são em Londres (8/1), Nova York (10/1), Sydney (29/1) e Tóquio (2/2).

    FERNANDA EZABELLA, 36, é jornalista.

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