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    2016, o ano do muro e da arquitetura da separação

    FERNANDO SERAPIÃO

    21/01/2017 23h36

    RESUMO O autor faz um balanço das construções e projetos de urbanismo e design que se destacaram em 2016. Elege o muro (tanto o concreto de Trump quanto o metafórico, que traduz a polarização do Brasil) como elemento-síntese. Pinça acertos nas obras para os Jogos do Rio e lista museus com prédios marcantes.

    No início da noite de uma sexta-feira de novembro, o alemão Patrik Schumacher subiu ao palco para um debate com o curador do World Architecture Festival (WAF), em Berlim. Formado em filosofia, matemática e arquitetura, ele vive em Londres, tem 55 anos, é alto e usa o cabelo escovinha deixando fios longos caírem sobre a testa.

    Durante 28 anos, foi o braço direito da iraquiana Zaha Hadid, que peregrinava o mundo atrás de clientes enquanto ele capitaneava o desenvolvimento dos projetos acertados por ela. Mais do que um "fundo de escritório", o sócio de Zaha encanta a estudantada (e bilionários emergentes) como artífice da arquitetura paramétrica, que utiliza técnicas digitais para criar obras que, segundo o próprio, impulsionam a civilização.

    O ataque cardíaco que matou Zaha, aos 65 anos, em março de 2016, deixou-o sob pressão. Afinal, como o escritório sobreviveria sem a protagonista, que acumulou ao longo da carreira uma fortuna de R$ 270 milhões? Destemido, ele abriu filiais em Dubai e na Cidade do México 20 dias após a morte da colega e assumiu a liderança da firma, que tem 36 projetos em andamento (dentre os quais um hotel em Copacabana) e acordos para criar outros, como o aeroporto de Pequim.

    Sua apresentação no festival berlinense, a principal entre as de 50 palestrantes, era mais um indício da emancipação. "Falo por 45 minutos, depois abrimos o debate?", ele perguntou ao curador que o havia desafiado a tratar de habitação social, tema distante de seu cotidiano.

    Combinando tênis de corrida com blazer, o alemão expôs um manifesto liberal que faria corar Margaret Thatcher (1925-2013): propôs abolir habitações sociais e privatizar ruas e praças. Desconfortável, o curador escutou seu convidado defender a gentrificação, propondo tirar pobres das regiões centrais: "Não é justo que outra pessoa desfrute do centro? Especialmente se for alguém que realmente o utilize para produzir o que subsidiou o outro". Em poucos horas, ele foi apelidado nas mídias sociais de "Trump da arquitetura", tanto por detratores quanto por partidários de sua concepção.

    É fato. A eleição norte-americana e outras guinadas políticas à direita contaminaram o cenário arquitetônico de 2016. A promessa de Donald Trump de construir um muro na fronteira sul, por exemplo, estimulou uma equipe de Guadalajara a propor uma muralha rosa inspirada no conterrâneo Luis Barragán (1902-88) –que, como Lucio Costa, conciliou tradição e modernidade. A crítica não só foi endereçada ao republicano como respingou em Barragán, cuja obra era definida por muros coloridos que encastelavam a elite. Provocadoras, as imagens mostram beleza no apocalipse.

    Se o muro foi indispensável para a humanidade se defender dela mesma, hoje ele é um indício de problema, a materialização do conflito.

    A disputa pela Casa Branca também infectou as pranchetas, desde o suposto diploma de arquitetura de Melania Trump, que ninguém encontrou, até as peças de campanha de Hillary Clinton, com depoimentos de projetistas que receberam calotes de Trump.

    Frank Gehry, condecorado por Obama com a Medalha da Liberdade, declarou que estava "muito preocupado" com a eleição: "A maioria dos edifícios construídos no mundo não são interessantes. E as pessoas não se importam. Parecem estar descrentes. É o mesmo tipo de comportamento que pode eleger Donald Trump". Após a vitória, ele considerou a oferta do presidente francês de se exilar em Paris.

    A controvérsia atingiu o seio da classe nos EUA quando o presidente do instituto de arquitetos se colocou à disposição do eleito, de olho nas prometidas obras de infraestrutura. Foi imediatamente rechaçado pelos colegas e obrigado a se desculpar.

    A SERVIÇO DO PODER

    O elo ancestral entre arquitetos e poder viu brotar em 2016 capítulos escondidos nas gavetas. Foi revelado, por exemplo, que o finlandês Eero Saarinen (1910-61) era queridinho do serviço secreto norte-americano. Sua fama como um dos mais respeitados projetistas dos EUA deve-se a obras icônicas, como o arco de St. Louis, e a móveis que ainda adornam ambientes moderninhos.

    O que se descobriu foi o trabalho dele para o Office of Strategic Services (OSS, divisão de serviços estratégicos), que deu origem à CIA, tendo desenhado até a Sala de Guerra (Situation Room) da Casa Branca. "Em razão de seu talento único e da experiência especializada com a OSS, Saarinen é insubstituível", aponta um memorando recém-revelado.

    Outra bomba foi a divulgação do grau de alinhamento do norte-americano Philip Johnson (1906-2005) com o nazismo. A simpatia dele pelo movimento já era conhecida, mas um livro novo (de Marc Wortman) a tingiu em tons particularmente soturnos.

    O arquiteto da Casa de Vidro de Connecticut conheceu Hitler pessoalmente e atuou nos bastidores para difundir a ideologia fascista em seu país, chegando a se envolver nas tratativas para a criação de um partido com esse perfil. Mais de 30 anos após o término da Segunda Guerra, o arquiteto do Terceiro Reich, Albert Speer, enviou-lhe um livro com dedicatória; na mesma época, disse que Johnson poderia tê-lo sucedido na concepção de construções nazistas. Amigos influentes, principalmente John Rockefeller, ajudaram o americano a escapar do FBI.

    Para combater as trevas, os projetistas atuais movem-se por causas humanitárias. Nessa seara, foi desanimador o colapso da escola flutuante desenhada pelo nigeriano Kunlé Adeyemi, construída em 2013 com a ajuda da ONU para servir a cem alunos que vivem em Makoko, comunidade de Lagos com cerca de 300 mil moradores. A escola influenciou o governo, que pretendia destruir a favela, a adotar um plano de estruturação para a área.

    De seu lado, o japonês Shigeru Ban viajou até o epicentro do terremoto que, em abril passado, deixou mais de 650 mortos no Equador. O motivo? Oferecer seu saber. Ele se envolve com vítimas de catástrofes naturais desde 1995, ano do terremoto de Kobe. De lá para cá, Ban repetiu o gesto na Turquia e na Índia.

    Já o inglês Norman Foster revelou em maio o Droneport, uma estrutura modular construída com mão de obra local e tijolos para armazenar alimentos e remédios. O projeto, adaptável, foi desenvolvido originalmente para uma localidade em Ruanda. Há um imperativo moral de fornecer mais energia em escala global; por outro lado, persiste o lobby consumista, escreveu ele. "A resposta para esse paradoxo é adotar uma abordagem holística no desenho sustentável de projetos comunitários, nos quais infraestrutura e edifícios locais interajam."

    Um protótipo foi montado na Bienal de Arquitetura de Veneza, que girou justamente em torno dos desafios longe dos centros. O curador foi o chileno Alejandro Aravena, que recebeu em 2016 o Pritzker (maior prêmio da área) e é um dos mais fervorosos soldados das pranchetas sociais: fato inédito, ele disponibilizou publicamente os desenhos de habitações sociais que lhe deram fama.

    Para o crítico Christopher Hawthorne, do "Los Angeles Times", no entanto, o desejo de inclusão foi o calcanhar de Aquiles da exposição do chileno, que mudou o paradigma do estrelato profissional, fazendo o desenho apanhar do politicamente correto.

    O curador do pavilhão brasileiro, Washington Fajardo, seguiu a toada de Aravena e selecionou obras com alta carga social, deixando de lado a qualidade de traço. Para o crítico Gabriel Kogan, a mostra optou por uma visão otimista do país em um momento de cisão política, o que neutralizou debates e contradições.

    Fajardo também presidiu, durante os últimos oito anos, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e assessorou o prefeito Eduardo Paes em assuntos arquitetônicos. Sua maior vitória foi a valorização da herança negra na zona portuária, fazendo o Cais do Valongo disputar o título de Patrimônio da Humanidade.

    OLIMPÍADA

    Ele também foi o responsável pelo conceito mais notável entre os edifícios olímpicos: a conversão da arena de handebol em quatro escolas públicas, com desenho da Oficina de Arquitetos. A nota negativa é o possível uso cosmético de duas das escolas, que talvez sejam usadas para "esconder" uma favela.

    O legado olímpico mais relevante foi a Orla Conde, desenhada por João Pedro Backheuser e Ignasi Riera, potencializando a relação do centro com a baía de Guanabara, antes da esdrúxula iniciativa da Marinha de gradear parte da via.

    A cidade ganhou hotéis em locais históricos (Vila Galé e 55/Rio). Os mais interessantes, porém, abriram as portas após o evento: o Emiliano, em Copacabana (Studio Casas), e o Hotel Nacional, em São Conrado, recuperando o traçado de Oscar Niemeyer com investimento de R$ 420 milhões.

    Niemeyer teve outras duas obras lançadas sob os holofotes, em Belo Horizonte: o conjunto da Pampulha foi protegido pela Unesco e a estupenda Escola Estadual Milton Campos, que atende a quase 2.000 alunos, foi restaurada por R$ 13 milhões.

    Outra excepcional obra revitalizada foi a casa paulistana projetada por Rino Levi (1901-65) que o Piratininga Arquitetos transformou na galeria de arte de Luciana Brito.

    Se as pastilhas modernas de Levi ganharam vida nova, o concreto bruto pediu socorro internacional, por meio da campanha #SOSBrutalism, que revelou inúmeras obras brutalistas correndo risco de demolição. Segundo o ministro inglês dos transportes, John Hayes, elas merecem desaparecer, pois são um "culto à feiura".

    A insensibilidade, por sorte, não foi global: revigoraram-se o centro de refugiados da Cruz Vermelha em Paris, concebido por Le Corbusier (1887-1965), e o Centro de Arte Britânica de Yale, em New Haven (Connecticut), de criação de Louis Kahn (1901-74) e um dos museus mais incríveis já construídos.

    MUSEU NOS EUA

    Entre os novos espaços culturais dos Estados Unidos, o relevo ficou com o Museu de História e Cultura Afro-Americana do Smithsonian, em Washington. Inspirado em uma coroa de uma tribo africana, ele completou a esplanada da capital e foi traçado pelo britânico-ganense David Adjaye.

    Em contraposição aos conflitos raciais que eclodiram na América, no universo das pranchetas ocorreu um ato simbólico: pela primeira vez, um negro recebeu a Medalha de Ouro do instituto de arquitetos. A ironia é que Paul Revere Williams foi lembrado 36 anos após sua morte.

    Já San Francisco inaugurou a ampliação do Museu de Arte Moderna, delineada pelos noruegueses do Snøhetta. Duplicou-se o espaço expositivo do antigo prédio do suíço Mario Botta. A crítica foi negativa, principalmente no cotejo com o velho.

    Na Europa, a expansão de museus ensejou obras notáveis, como a nova ala da Tate Modern, em Londres. "Nesta ou em outras obras, Herzog & de Meuron gostam de apresentar um momento protestante de negação antes do prazer, de proibir antes de acolher, de ser severo antes de ser generoso. Isso é parte da visão de mundo deles, na qual o prazer e a beleza coexistem com aspectos mais perturbadores ou misteriosos da existência, diferentemente da concepção de muitos arquitetos", avaliou Rowan Moore, crítico do "Guardian".

    Lisboa deu as caras com o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, da inglesa Amanda Levete. Ao custo de 20 milhões de euros, o prédio sinuoso foi construído à margem do Tejo, contrastando com a rigidez do Museu dos Coches, de Paulo Mendes da Rocha.

    E por falar em projetos de brasileiros no exterior, o ano foi farto deles. Além de ver uma singela obra paulistana (um pavilhão com piscina) escolhida por um seleto júri como uma das seis melhores das Américas, Angelo Bucci terminou um conjunto residencial no Algarve.

    Enquanto isso, Marcio Kogan colocou o ponto final num condomínio na Espanha e em casas no Canadá e na Flórida. O grupo franco-brasileiro Triptyque inaugurou uma midiateca nos arredores de Paris, ao passo que Isay Weinfeld terminou um prédio em Mônaco e ganhou a disputa do novo Four Seasons, célebre restaurante nova-iorquino originalmente desenhado por Philip Johnson.

    Em São Paulo, Weinfeld terminou um prédio na Vila Madalena que foi alugado para a Ebac, uma escola de arte inglesa, enquanto a crise financeira deixou em ponto morto o mercado imobiliário local, onde não houve grandes lançamentos, mas sim distratos de unidades vendidas. Em contrapartida, sobrou tempo para planejar, e a retomada, quando vier, promete traços mais elaborados. Em Brasília, por exemplo, o empreendedor Rafael Birmann envolveu 13 escritórios para discutir um bairro novo, processo semelhante ao realizado no Pedra Branca, próximo a Florianópolis. Idealizado com a assessoria do arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, o Pedra Branca se destaca na realidade brasileira por priorizar o pedestre.

    CADÊ O MOTORISTA?

    Mas o carro ainda é o foco da indústria, e a notícia de impacto foi o veículo sem motorista, graal de uma corrida que envolve montadoras e mamutes da tecnologia. Em 2016, foi testado em Cingapura o primeiro táxi sem motorista. O Uber, por sua vez, deu fim em dezembro aos testes no filão, após um veículo avançar o sinal.

    O ano teve outras promessas, como o Explore Transit Bus, o ônibus de cabine elevada que utiliza um trilho entre as faixas de carros e é dotado de um vão em sua porção inferior (formando uma espécie de túnel por onde passam veículos menores), o que minimiza engarrafamentos. Na contramão do endeusamento dos veículos, Copenhague retirou os investimentos públicos alocados em empresas de carvão, petróleo e gás.

    Mas nada foi mais instigante do que o "hyperloop", as cápsulas para transporte de passageiros impulsionadas por ar pressurizado que circulam em tubos de baixa pressão e podem atingir até 1.200 km/h. Uma das promessas dos idealizadores é ligar San Francisco a Los Angeles em 35 minutos. Os primeiros testes ocorreram em maio no deserto de Nevada, e a versão de Dubai, anunciada em novembro, terá terminais desenhados pelo BIG, o escritório liderado pelo dinamarquês Bjarke Ingels, personagem arquitetônico mais midiático do ano.

    Seu pavilhão de verão da galeria Serpentine, em Londres, e a torre piramidal em Nova York levaram-no ao estrelato: foi tema do célebre programa "60 Minutes", da CBS, ganhou matéria na "Rolling Stone" e garantiu lugar na lista da "Time" dos cem personagens mais influentes do mundo, sendo descrito pelo holandês Rem Koolhaas como o "primeiro grande arquiteto desconectado da angústia da profissão".

    Koolhaas, por sinal, protagonizou documentário dirigido por seu filho, e o francês Jean Nouvel, que também ganhou a tela grande, esteve em São Paulo para lançar um prédio de apartamentos no antigo Hospital Matarazzo e participar de um debate no Auditório Ibirapuera.

    Quem também compareceu ao espaço imaginado por Niemeyer foi o português Eduardo Souto de Moura, agraciado com um prêmio durante a Bienal Ibero-americana. Nos bastidores, ele se preocupava com o concurso da ampliação do Museu do Prado, em Madri, que acabaria vencido por Foster.

    Outra concorrida disputa arquitetônica foi a da biblioteca presidencial de Barack Obama, organizada pelo crítico Paul Goldberger, que recebeu 144 candidaturas e convidou sete escritórios. Os vencedores foram o casal Tod Williams e Billie Tsien. O organizador declarou que a família Obama gosta de "coisas modernas de maneira bastante genuína; eles não querem um edifício tradicional".

    ADEUS

    "Nossa elite é ignorante", disparou Pedro Paulo de Melo Saraiva, poucos meses antes de morrer, aos 83 anos. O brutalismo paulista sofreu outra baixa seminal: Flávio Motta, interlocutor de Vilanova Artigas e Mendes da Rocha. Em compensação, esse último, capixaba radicado em São Paulo, foi o projetista mais premiado do ano, recebendo as três mais importantes láureas mundiais, além do Pritzker, que já possuía: o Leão de Ouro de Veneza, o japonês Praemium Imperiale e a Medalha de Ouro do Riba (Instituto Real de Arquitetos Britânicos, na sigla em inglês).

    O elogio paulista da técnica não só convenceu os jurados internacionais como também reverbera nas obras da nova geração brasileira, caso da escola do Senai em São Caetano do Sul (SP), desenhada pelo escritório NPC, que utilizou componentes construtivos para criar um dos ápices nacionais do ano.

    Outros destaques vêm de Belo Horizonte: a ampliação do aeroporto de Confins, assinada pelos paulistas da Bacco, e a sede da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, de Jô Vasconcellos, rara arquiteta que lidera um escritório de ponta.

    A discussão sobre o gênero se fortaleceu no debate internacional com encontros, prêmios e publicações, como o livro "Where Are the Women Architects?" (onde estão as arquitetas?; Princeton University Press), de Despina Stratigakos. No Brasil, o tema entrou em campo com coletivos feministas de estudantes em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. No Mackenzie, por exemplo, o Zaha colou nas paredes frases de professores como "para uma menina, você projeta bem" ou "seu trabalho está ruim; você podia pelo menos ter vindo com uma saia mais curta".

    A norte-americana Jeanne Gang teve um março de vitórias: recebeu o prêmio Women in Architecture e foi selecionada para desenhar a nova embaixada de seu país em Brasília, desbancando pesos-pesados, como Morphosis e Steven Holl.

    Enquanto o prédio está no papel, o grande acerto brasiliense de 2016 foi a sede da Confederação Nacional de Municípios (CNM), idealizada pelo escritório paulista Mira. A obra é fruto do empenho do diretório local do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) em promover concursos, fazendo valer a meritocracia e incentivando os jovens.

    Por fim, transcorreu no ano que passou uma disputa simbólica: aquela pela sede conjunta do IAB e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, ou seja, a casa dos arquitetos. O vencedor foi o São Paulo Arquitetos + Coa, que trata o térreo como espaço livre.

    É o chamado pilotis, palavra de origem francesa que foi incorporada ao vocabulário arquitetônico universal por obra (com o perdão do trocadilho) de Le Corbusier. Ao criar uma utopia, um mundo sem divisórias e com os térreos para as pessoas, o franco-suíço, que inspirou a criação de Brasília, jamais poderia imaginar que a polarização política de 2016 faria ressurgir o muro –elemento arquitetônico do ano, terrivelmente encarnado na divisão física da Esplanada dos Ministérios.

    FERNANDO SERAPIÃO, 45, é crítico de arquitetura, editor da revista "Monolito" e autor de, entre outros, "A Arquitetura de Croce, Aflalo e Gasperini" (Paralaxe).

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