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    Revolta leva a compartilhar ou comentar "fake news", dizem leitores

    FABIO VICTOR

    19/02/2017 02h00

    Por mais que usem perfis inventados e artimanhas digitais para alavancar sua audiência, sites de notícias falsas existem porque têm leitores.

    Durante apuração de reportagem sobre a engrenagem das notícias falsas no Brasil, a Folha buscou alguns desses leitores a partir de comentários e compartilhamentos de publicações do site Pensa Brasil.

    Um deles é o microempresário paranaense Remy Papke, 59, "antiMoro", leitor principalmente de sites de esquerda, que comentou uma notícia falsa do Pensa Brasil de que o piloto do avião que caiu com Eduardo Campos em 2014 morrera envenenado. "Laudo mostra que piloto de Eduardo Campos foi envenenado", dizia o título, publicado em 5 de julho, que jogava com a confusão: como mostrava o texto, um empresário suspeito de estar envolvido, como "laranja", na compra do avião que levava Campos de fato morreu ao ingerir veneno, mas ele não era o piloto do avião que caiu –e nem houve prova de que foi envenenado; a perícia concluiu que ele se suicidou.

    "Iluminatis a nova ordem mundial são capaz de tudo pelo poder", escreveu Papke no comentário da notícia.

    Papke lê as notícias que comenta? "Normalmente leio tudo, leio 90% do total."

    Não percebeu que o título era falso? "São coisas que acontecem com qualquer um, até por revolta. Aí depois a gente toma mais cuidado."

    Outro é o aposentado Sirley Furquim, 55, que atende um número de celular do Estado de São Paulo, mas não quis dizer de onde é nem onde vive ("sou viajante, não tenho paradeiro").

    Homem de direita ("e vou viver pela direita"), que diz já ter trabalhado como mecânico, comerciante, costureiro e metalúrgico, compartilha no Facebook várias notícias falsas, como uma de que a ex-primeira dama Marisa Letícia não tinha morrido.

    Mas leu direito? "Li, e há possibilidade de que ela esteja viva sim. Tem que ser apurado."

    Questionado por que compartilha esse tipo de coisa, Furquim, sem nem sonhar em saber, usou na resposta a mesma palavra que seu oposto Papke. "Revolta! Revolta! Muita roubalheira, imposto alto. Sou indignado, quero justiça."

    FABIO VICTOR, 44, é repórter especial da Folha.

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