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    Revolução russa, 100

    De Nicolau 2º a Stálin, conheça cinco homens centrais na Revolução Russa

    DE SÃO PAULO

    05/11/2017 02h00

    Em 1917, duas revoluções sepultaram a monarquia na Rússia e moldaram todo o século 20. Em fevereiro, o czar Nicolau 2º foi deposto. Em outubro, bolcheviques liderados por Lênin destituíram o governo provisório e tomaram o poder.

    Inspirados nas ideias de Marx, instauraram a primeira ditadura comunista do mundo. O regime perdurou até 1991, quando se desfez a União Soviética. Conheça abaixo os cinco principais personagens envolvidos no evento de 1917.

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    Nicolau 2º (1868-1918)
    Nicolai Aleksandrovitch (literalmente, "filho de Alexandre") Romanov foi o último imperador da Rússia, país que governou de 1895 até a Revolução de Fevereiro de 1917. Assumiu o trono após a morte do pai, o czar Alexandre 3º, no final de 1894, mesmo ano em que se casou com a princesa alemã Alexandra. O casal teve cinco filhos: Olga, Tatiana, Maria, Anastasia e Alexei (único homem, hemofílico). Todos foram mortos pelos bolcheviques em 1918.

    Visto pelos críticos como fraco e dominado pela mulher, o czar foi obrigado a ceder e aceitar um Parlamento eleito (a Duma do Estado) depois da Revolução de 1905, embora tenha tentado retomar seu poder autocrático depois, com mudanças nas leis para evitar a eleição de radicais e repressão de oposicionistas pela polícia secreta.

    Em fevereiro de 1917, novos protestos e a perda de apoio do Exército forçaram Nicolau 2º a abdicar. O czar e sua família foram mantidos presos em vários locais até ser transferidos para Ecaterimburgo, nos montes Urais (fronteira da Europa com a Ásia). Acredita-se que a execução da família real tenha sido ordenada por Lênin.

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    Aleksandr Fiodórovitch Kerênski (1881-1970)
    Advogado e socialista revolucionário, Kerênski foi eleito para a Duma do Estado em 1912. Visto como esquerdista moderado, ele defendeu a entrada da Rússia na Primeira Guerra; depois, com a eclosão da Revolução de Fevereiro de 1917, apoiou a queda da monarquia. Durante o período do governo provisório, foi ministro da Justiça, da Guerra (no período da derrota da "ofensiva de junho") e, a partir de julho, primeiro-ministro do país.

    Depois da tentativa de golpe do general Kornilov, no final de agosto, Kerênski perdeu o apoio dos militares (por demiti-lo do posto de comandante do Exército) e também o da esquerda, por se recusar a implantar seus programas. Com a tomada do poder pelos bolcheviques, ele ficou escondido até maio de 1918, quando emigrou para a Europa Ocidental; vivia na França quando as tropas nazistas invadiram o país e se mudou para os EUA. Fez palestras, escreveu livros e lecionou em universidades como a de Stanford. Morreu em Nova York, em 1970.

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    Vladímir Ilitch Ulianov (Lênin) (1870-1924)
    Nascido em Simbirsk, às margens do rio Volga –mesma cidade natal de Kerênski, rebatizada de Ulianovsk em sua homenagem–, Lênin era filho de um alto funcionário do governo. Estudante de direito, radicalizou-se depois de ter um irmão, Aleksandr, executado pelo regime czarista em 1887. Preso por ativismo revolucionário e enviado à Sibéria, deixou a Rússia em 1900 e viveu em vários países da Europa Ocidental (Suíça, Alemanha, Reino Unido, França) pela próxima década e meia. Em 1901, adotou o pseudônimo Lênin ("do Lena", um rio siberiano); em 1902, lançou o panfleto político "Que Fazer?", no mesmo ano em que conheceu Liév Trótski em Londres.

    Durante a Revolução de 1905, Lênin defendia a contínua escalada dos confrontos violentos, o que aumentou a divisão entre os bolcheviques (sua facção no Partido Operário Social Democrático) e os mencheviques. Em 1917, com a Revolução de Fevereiro, ele voltou em definitivo ao país –assistido pelos alemães, então envolvidos na guerra contra a Rússia– e passou a trabalhar para derrubar o governo provisório que sucedeu a monarquia. Vitorioso na Revolução de Outubro, consolidou o poder dos bolcheviques após a guerra civil, esmagando a oposição.

    Diante da dificuldade para implantar o socialismo na economia, Lênin decidiu adotar a Nova Política Econômica, com algumas medidas de mercado. Sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 1918, mas ficou com sequelas –em 1922, sofreu um acidente vascular cerebral, do qual nunca se recuperou completamente. Morreu em janeiro de 1924. Seu corpo embalsamado foi colocado em um mausoléu na praça Vermelha, em Moscou, onde está até hoje.

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    Iósif Vissarionovitch Dzhugashvili (Stálin) (1879-1953)
    Stálin nasceu em uma família pobre de Góri, na Geórgia; para fugir às surras de seu pai, alcoólatra, sua mãe saiu de casa e trabalhou como empregada doméstica e lavadeira para sustentar o filho. Em 1894, o futuro líder comunista foi enviado pela mãe a um seminário da Igreja Ortodoxa em Tbilisi, maior cidade georgiana e atual capital. Era considerado bom aluno, mas se desinteressou pelos estudos quando aderiu ao marxismo e passou a participar de reuniões clandestinas de operários. Em 1899, deixou o seminário (ou foi expulso; relatos divergem).

    Nos anos seguintes, integrado ao Partido Operário Social Democrático, organiza greves e protestos; escapa de uma tentativa de prisão da polícia secreta czarista e entra na clandestinidade. Em 1907, organiza um assalto ao Banco Imperial, em Tbilisi, que terminaria com 40 mortos e 250 mil rublos (o equivalente, hoje, a mais de US$ 3 milhões) nas mãos dos bolcheviques. Escondido no Azerbaijão depois do roubo, seria preso e enviado à Sibéria várias vezes nos anos seguintes –estima-se que tenha adotado o apelido Stálin ("de aço" em russo) a partir de 1912, mesmo ano em que começou a atuar clandestinamente como editor do "Pravda" ("verdade"), o jornal bolchevique.

    Em 1917, Stálin, que conhecera Lênin em 1905, já é um dos líderes bolcheviques e se destaca como linha-dura, defendendo a execução pública de desertores. Torna-se secretário-geral do Partido Comunista em 1922. Em 1924, com a morte de Lênin, vence a disputa por poder no partido com seu principal rival, Liév Trótski. Governaria a União Soviética como ditador pelas três décadas seguintes, impondo medidas como a coletivização forçada da agricultura e expurgos no próprio PC e no governo, cujas mortes os historiadores do período estimam em milhões.

    Em 1939, logo antes da eclosão da Segunda Guerra, assinou pacto de não agressão com a Alemanha nazista, rompido por Hitler ao atacar posições soviéticas na Polônia em 1941. Acabaria emergindo como um dos vitoriosos da Segunda Guerra e dividindo com as potências ocidentais –principalmente EUA e Reino Unido– o mundo em áreas de influência no pós-guerra. Morreu em 1953 e foi sucedido na chefia do PC por Nikita Khruschov, que denunciou seus crimes num "discurso secreto" em 1956 e levou a cabo uma política de "desestalinização" do país.

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    Liév Davidovitch Bronstein (Trótski) (1879-1940)
    Filho de judeus ucranianos, fazendeiros abonados, Trótski nasceu perto da atual cidade de Kropivnítski. Ainda na adolescência, desistiu de estudar matemática para se envolver em atividades clandestinas. Antes de completar 20 anos, já havia sido preso por agitação política e aderido ao Partido Operário Social Democrático. Exilado na Sibéria, passou a usar o sobrenome "Trótski", que pegou de empréstimo de um dos seus carcereiros, por volta de 1902.

    Depois de fugir da Sibéria, passou a maior parte dos 15 anos seguintes exilado na Europa Ocidental. Em 1903/1904, passou a integrar a facção menchevique ("minoritária") do partido e desenvolveu sua teoria da "revolução permanente", enquanto Lênin se convertia no líder da maioria, os bolcheviques. Foi correspondente de guerra em Viena e viveu na Suíça, na França e em Nova York antes de voltar à Rússia, em 1917, com a queda do czar.

    Preso pelo governo provisório, assumiu o comando do Soviete de Petrogrado em setembro e foi um dos líderes militares da tomada de poder pelos bolcheviques, no mês seguinte. Atuou como uma espécie de chanceler, negociando os termos da paz com a Alemanha no final da Primeira Guerra, e depois como comissário de guerra, onde organizou o que viria a ser o Exército Vermelho. Nessa fase, era considerado o "número dois" de Lênin.

    Conflitos internos no Partido Comunista, porém, propiciariam a ascensão de Stálin. Trótski acabaria expulso do partido em 1927 e da própria União Soviética dois anos depois. Viveu na França, na Noruega e no México, onde foi assassinado com um picador de gelo pelo comunista espanhol Ramón Mercader, em agosto de 1940.

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    Domínios russos

    Desde a formação da União Soviética até o final da 2ª Guerra Mundial, os comunistas ocuparam diversos territórios. Ao todo, 15 repúblicas integraram o país nesse período. A área total voltou a ter 22,4 milhões de km2, mesmo tamanho do império quando o czar Nicolau 2º assumiu o trono –o equivalente a 2,6 vezes a área do Brasil

    Dissolução em 1991 dá origem à Rússia e outros países independentes. Hoje, o território russo tem 17 milhões de km2. A diferença entre essa área e a do auge equivale a duas Argentinas

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