A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, deixando para trás os EUA, segundo dados da balança comercial brasileira de abril.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, a soma das exportações e importações para o país asiático chegou a US$ 3,2 bilhões em abril, acima dos US$ 2,8 bilhões verificados no comércio com os EUA.
Em março, a China já havia ultrapassado os EUA em relação às exportações brasileiras. Em abril, essa vantagem aumentou. Agora, a China responde por 13% das vendas do Brasil para o exterior. Os EUA, por 11,3%.
Outra mudança ocorrida em abril é que, pela primeira vez, a Ásia se tornou o continente que mais compra produtos brasileiros, com cerca de 30% do total exportado.
De acordo com o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o crescimento das exportações para a Ásia já era uma tendência verificada antes mesmo da crise, mas que se intensificou nos últimos meses.
"A taxa de crescimento já era maior nos momentos de bonança, mas isso foi acelerado pela crise", afirmou.
Nos quatro primeiros meses do ano, a corrente de comércio Brasil-China cresceu 14%, enquanto os negócios com o mercado norte-americano caíram 20,5%. Considerando apenas as exportações, houve crescimento de 65% para o parceiro asiático e queda de 35% para os EUA.
Diversificação
Barral afirmou que esse crescimento ainda não foi acompanhado por uma diversificação das exportações para a China, que compra principalmente produtos básicos, como soja, celulose e combustíveis.
Por isso, o governo pretende estimular exportações de produtos com maior valor agregado, como produtos industrializados. Para esse mês está prevista uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Guido Mantega (Fazenda) ao país asiático para tratar de questões comerciais.
O governo avalia que há ainda muito espaço para crescer no mercado chinês, já que o Brasil representa apenas 1% das compras internacionais feitas pela China.
Recuperação
Em abril, as exportações totais brasileiras somaram US$ 12,3 bilhões, melhor resultado do ano. Houve um crescimento de 14,8% em relação a março, o maior avanço entre esses dois meses desde 1998.
Na comparação com abril de 2008, houve queda de 8%. Segundo Barral, a queda seria maior se não houvesse influência da greve que atrapalhou as exportações no ano passado.
O fator greve também deve distorcer os dados de maio, já que as exportações no quinto mês de 2008 foram infladas pelo atraso na entrada de produtos no país.
Apesar dessa distorção, o governo avalia que houve efetivamente uma redução no ritmo de queda das exportações brasileiras em relação ao pior momento da crise. Um dos destaques foi o setor de veículos, cujas vendas subiram 24% em relação a março, puxadas pelos mercados da Argentina, México, Alemanha e Canadá.
Saldo
As importações brasileiras ficaram em US$ 8,6 bilhões no mês passado, queda de 26,6% sobre abril de 2008 e de 5,6% sobre março. A diferença entre os dois números resultou em um saldo positivo de 3,7 bilhões, o melhor resultado desde maio do ano passado.
No acumulado do ano, o saldo comercial está positivo em US$ 6,7 bilhões, 49,44% acima do valor no mesmo período de 2008. As exportações chegam a US$ 43,4 bilhões (queda de 16,5%) e as importações somam US$ 36,7 bilhões (-22,8%).