A Chevron informou que encontrou ontem (14) uma nova mancha de petróleo na área da bacia de Campos onde em novembro do ano passado ocorreu um acidente da companhia, no campo de Frade, na bacia de Campos.
A empresa disse que foram identificados três novos pontos de afloramento de petróleo na região e que as medidas de contenção já foram tomadas.
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"Dispositivos de contenção foram imediatamente instalados para coletar gotas, pouco frequentes. Hoje, algumas pequenas bolhas foram vistas na superfície", informou a Chevron à Folha.
A empresa comunicou ontem o novo afloramento ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais) e disse que instalou três SCCTs (pequenos sistemas de contenção subaquática) nos locais onde o óleo estava saindo.
Os novos pontos de afloramento estão a aproximadamente 3.000 metros à leste de onde se encontra o poço MUP-1, no campo de Frade, na bacia de Campos, onde ocorreu o acidente há quatro meses que derramou 2.400 barris (381,6 mil litros) de petróleo no mar e que resultou na abertura de processos judiciais contra a Chevron, em autuações e pedido de indenização no valor de R$ 20 bilhões.
Desde então, a Chevron luta para conter um persistente gotejamento de petróleo que sai das rochas rompidas pelo acidente. "Embarcações fazem o monitoramento e disperção de qualquer mancha local", informou a Chevron.
Segundo a empresa, além de continuar a varredura nas três novas áreas identificadas, a Chevron mantém o Plano de Emergência Individual ativo desde novembro de 2011.
Rogério Santana/Divulgação - 18.nov.11/Governo do Estado do Rio | ||
Contenção de óleo perto de plataforma da Chevron na bacia de Campos, em novembro de 2011 |
SUSPENSÃO
A petroleira e a ANP (Agência Nacional do Petróleo) divergem sobre as causas do acidente que provocou o vazamento no campo de Frade, informou nesta semana a diretora-geral do órgão regulador, Magda Chambriard.
A agência concluiu as investigações sobre o incidente e manteve a decisão que impede a petroleira de realizar perfurações de poços para encontrar petróleo.
Magda afirmou que a Chevron ainda não soube identificar as reais causas do vazamento e, por isso, também não foi capaz de provar que está capacitada para mitigar riscos e voltar às operações de perfuração.
A agência, porém, está esperando que a Chevron apresente novas conclusões que levem a uma convergência de dados.
"Acredito que a Chevron resolva isso em breve", afirmou a diretora-geral da ANP.
Magda não deu detalhes sobre as conclusões das investigações, justificando que está dando tempo para a petroleira fazer sua defesa.
Divulgação/Ibama |
Imagem feita no fundo do mar em novembro mostra fissura por onde o petróleo vazou do poço operado pela Chevron |
Mas recentemente, em entrevista exclusiva à agência Reuters, ela disse que o projeto do poço exploratório da Chevron no campo de Frade não mostrava uma falha geológica que pode ter sido determinante para o vazamento de petróleo no local.
"Esse desenho do poço teria funcionado perfeitamente não fosse uma falha que estava ali que não estava no projeto do poço. Por que essa falha não estava ali no desenho? A sísmica mostrava ou não?", disse Magda na ocasião, antes de se tornar diretora-geral da ANP, ao ser indagada se a ANP conhecia as condições de pressão do reservatório que a Chevron perfurou.
O relatório da Polícia Federal sobre o acidente, pelo qual indiciou Chevron, Transocean (dona da sonda que operava no local) e funcionários envolvidos na perfuração, concluiu que o poço onde ocorreu o vazamento não poderia ter sido perfurado.
Mas antes de realizar a perfuração, a petroleira recebeu aval da ANP, como de praxe na indústria petrolífera brasileira.
A nova diretora-geral disse ainda que a Chevron terá amplo espaço para se defender no caso --o principal executivo da companhia disse nesta terça-feira, nos EUA, que espera ter um tratamento "justo" no Brasil.
BOAS RELAÇÕES
O presidente da Chevron para África e América Latina, Ali Moshiri, disse na última quarta-feira que a petroleira está colaborando com a ANP para fornecer informações e que vai acatar as suas recomendações.
Ele afirmou que a petroleira americana respeita as decisões dos governos de onde atua e espera que as "boas relações" com o Brasil sejam mantidas.
"Nossas operações são muito transparentes. Temos apresentado relatórios diários do que fazemos para a ANP, aos nossos parceiros, ao ministro também", disse Moshiri.