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    Homem mais rico da China Wang Jianlin quer comprar salas de cinema e investir no Brasil

    MARCELO NINIO
    ENVIADO ESPECIAL A QINGDAO

    28/09/2013 03h00

    Recém-coroado o homem mais rico da China, com uma fortuna pessoal estimada em R$ 49 bilhões, o magnata do setor imobiliário Wang Jianlin quer expandir seu império para o Brasil.
    Seu interesse é comprar salas de cinema no país.

    "Pode passar o recado: estou à espera de convites de parceiros brasileiros", disse Wang à Folha, durante o lançamento do megaestúdio de cinema que ele está bancando na cidade costeira de Qingdao (leste).

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    Com ativos estimados em R$ 108 bilhões, o Grupo Wanda, fundado em 1988 por Wang Jianlin, é um gigante com tentáculos em quase cem cidades chinesas.

    Mesmo num país famoso pelos superlativos, seus números impressionam: são 71 shopping centers, 6.000 salas de cinema, 38 hotéis cinco estrelas, 57 lojas de departamentos e 63 karaokês. No total, o império de Wang se estende por 12,9 milhões de metros quadrados, quase o dobro da área do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro.

    Cinema é a menina dos olhos de Wang. No ano passado, o conglomerado Wanda comprou por R$ 5,8 bilhões a AMC Entertainment, segunda maior cadeia de salas de cinema dos EUA.
    Agora Wang pretende repetir a operação no Brasil.

    "Já temos uma equipe estudando possibilidades de investimentos no Brasil. Nosso plano é comprar ou construir salas de cinema no país", afirmou Wang. "Sei que a população brasileira é jovem e adora cinema."

    FOME E FRIO

    A trajetória de Wang, 58, lembra o crescimento vertiginoso da economia chinesa nas últimas quatro décadas.

    Filho de um herói do Exército Vermelho, ele alistou-se aos 15 anos com a ambição de repetir a carreira militar. Em depoimento recente, relembrou "as dificuldades inimagináveis" do período, quando passava fome em marchas de até 750 km sob neve e chuva com o fuzil nas costas.

    Quando o Exército chinês foi reduzido, nos anos 1980, Wang foi dispensado e começou a ascender no mercado imobiliário. O talento nos negócios foi ajudado pelas conexões familiares com o poder, como ele admite.

    "A China é uma economia de orientação estatal", disse Wang no início do mês no Fórum Econômico Mundial de Dalian, onde está a sede de sua empresa. "Quem disser que pode fazer negócios na China sem conexões no governo é um hipócrita."

    Empurrado pelo rápido crescimento do setor imobiliário chinês, Wang dobrou sua fortuna no último ano, escalando o topo da lista dos mais ricos do país (na qual os seis primeiros colocados são empresários do setor).

    Fanático por futebol, chegou a patrocinar o time de Dalian na década de 90, mas desistiu após alguns anos, desiludido com escândalos de corrupção e com episódios de compra de resultados.

    A Copa do Mundo de 2014 no Brasil é mais um motivo para que ele busque oportunidades no país.

    Além de cinemas, Wang diz que está interessado nos setores imobiliários e de hotelaria brasileiros. "O Brasil integra os Brics [com Rússia, Índia, China e África do Sul], se desenvolveu muito nos últimos anos e certamente a Copa e a Olimpíada ajudarão."

    Na conversa com a Folha, o bilionário usou o exemplo de sucesso de sua empresa, que desde 2007 registra um crescimento anual de 35% nos lucros, para explicar seu otimismo com a economia chinesa, apesar da desaceleração dos últimos meses.

    "Acredito que a China manterá um crescimento anual de 7% a 8% por pelo menos 15 anos", afirmou.

    O jornalista MARCELO NINIO viajou a convite do Grupo Wand

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