• Mercado

    Wednesday, 26-Jun-2024 03:57:31 -03

    Exportação ajuda retomada do setor automotivo nos EUA

    DO "NEW YORK TIMES"

    04/01/2014 03h00

    O ressurgimento da indústria automobilística dos Estados Unidos vem sendo propelido primordialmente pela demanda acumulada dos consumidores norte-americanos por carros e picapes novos.

    Mas boa parte da recuperação também vem de uma fonte improvável: as crescentes exportações de veículos fabricados nos Estados Unidos para venda em mercados internacionais.

    As exportações anuais de veículos fabricados nos Estados Unidos cresceram em quase 80% de 2009 a 2012. E as exportações deste ano estão cerca de 9% acima das do ano passado, de janeiro a outubro, de acordo com o Departamento de Comércio dos Estados Unidos.

    Não são apenas as montadoras de Detroit que estão se beneficiando dos atrativos internacionais dos modelos fabricados nos Estados Unidos. Fábricas controladas por montadoras japonesas e europeias no país também estão expandindo firmemente as suas exportações, criando empregos e ampliando seu investimento para acompanhar a demanda internacional.

    "Isso está se tornando parte mais importante de nosso negócio a cada ano", diz Robert Carter, vice-presidente sênior da divisão norte-americana da Toyota. "É uma área de crescimento muito robusta."

    NOVOS MODELOS

    De fato, as montadoras estão acrescentando modelos novos às suas linhas de veículos para exportação.

    A Ford Motor mostrou a mais recente versão de seu emblemático esportivo Mustang, e anunciou que começaria a exportá-lo para os mercados mundiais pela primeira vez, em 2015.

    A apresentação do novo Mustang foi um evento internacional, com lançamentos simultâneos em Nova York, Los Angeles, Barcelona, Sydney e Xangai - além de na cidade natal da Ford, Dearborn, Michigan.

    "Acreditamos que esse carro tenha apelo universal", diz Mark Fields, vice-presidente de operações da Ford. "Estamos realmente entusiasmados quanto a começar a vendê-lo na Europa, China e nos países da região Ásia-Pacífico".

    No ano passado, as fábricas dos Estados Unidos despacharam 1,8 milhões de carros, utilitários esportivos e veículos comerciais leves para venda nos mercados internacionais, o que inclui Canadá e México. As exportações devem subir a dois milhões de veículos este ano.

    Embora isso ainda represente apenas uma fração dos 15,5 milhões de veículos que devem ser vendidos este ano nos Estados Unidos, de acordo com as estimativas, o crescimento das exportações destaca o quanto os modelos fabricados nos Estados Unidos se tornaram competitivos em todo o mundo, devido à sua qualidade e ao custo moderado de fabricação.

    CUSTOS E MÃO DE OBRA

    Desde que o país saiu da recessão, as montadoras vêm se beneficiando dos custos mais baixos para a energia e a mão de obra, bem como de fábricas mais enxutas e eficientes.

    "É provável que continuemos a ver crescimento nas exportações, já que os Estados Unidos têm uma estrutura de custos que se tornou mais competitiva do que no passado, produtos melhores e mais plataformas mundiais que podem ser vendidas em outros mercados", diz Xavier Mosquet, especialista em indústria automobilística no Boston Consulting Group.

    E enquanto a Ford exibia o novo Mustang, a Toyota começava a produzir seu novo utilitário esportivo Highlander em Princeton, Indiana. Executivos da Toyota informaram que os principais mercados para o Highlander seriam a Rússia e a Austrália.

    Enquanto a Ford busca ampliar as vendas de seu Mustang em mercados internacionais, montadoras estrangeiras como a Toyota veem exportar dos Estados Unidos como alternativa aos custos de fabricação mais altos em seus mercados de origem.

    "É uma forma de hedge contra flutuações cambiais, mas também demonstra o quanto nossos produtos são atraentes em lugares como China, Rússia e Oriente Médio", disse Carter.

    Outras montadoras estão seguindo esse exemplo. A Nissan espera exportar cerca de 14% de sua produção norte-americana este ano. E a Honda prevê que no ano que vem exportará mais veículos da América do Norte –a maioria dos quais montados nos Estados Unidos– a terceiros mercados do que importará para a região veículos fabricados no Japão.

    No ano passado, Canadá e México responderam por cerca de metade das exportações de veículos fabricados nos Estados Unidos. Uma década atrás, a vasta maioria das exportações ficava limitada ao Canadá e México, mas a demanda por modelos norte-americanos está se expandindo em outros países.

    As exportações à Arábia Saudita, por exemplo, triplicaram de 2009 para cá. As vendas a consumidores chineses quintuplicaram no mesmo período.

    No ano passado, a Ford exportou mais de 370 mil veículos dos Estados Unidos, crescimento de quase 14% ante o ano anterior. O elenco de modelos exportados inclui os populares sedãs Focus e Fusion e também utilitários esportivos como o Escape e o Explorer.

    ADAPTAÇÃO

    A Ford também lançou motores menores e mais econômicos, atraentes para os compradores da Europa e de outras regiões onde os preços da gasolina são altos. Fields diz que os planejadores de produtos nos Estados Unidos estão bem sintonizados com as necessidades dos consumidores no exterior.

    "Mudamos os sistemas de aquecimento e ar condicionado para acomodar o calor forte do Oriente Médio", ele diz.

    Algumas marcas norte-americanas estão se provando mais adaptadas ao mercado de exportação do que outras.

    A GM, por exemplo, vem batalhando para expandir as vendas de sua marca de luxo Cadillac fora dos Estados Unidos, mas a montadora declarou na quinta-feira que estava abandonando os planos para expandir fortemente sua marca Chevrolet na Europa, onde ela concorreria por compradores com a Opel, uma subsidiária da empresa.

    Uma das maiores histórias de sucesso na exportação é a Chrysler, com sua resistente linha Jeep de utilitários esportivos.

    A linha de montagem da Chrysler em sua fábrica Jefferson North, em Detroit, monta o modelo Jeep Grand Cherokee para exportação a mais de 120 países.

    As vendas mundiais da marca Jeep cresceram em 19% em 2012, ante o ano anterior, de acordo com estatísticas do Departamento de Comércio norte-americano. E a Chrysler está investindo US$ 500 milhões em sua fábrica de Toledo, Ohio, para produzir o novo Jeep Cherokee –em parte para atender à expectativa de demanda fora dos Estados Unidos.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024