O volume de dólares que saiu do país no ano passado superou as entradas em US$ 12,26 bilhões, o maior saldo negativo registrado desde 2002, ano marcado por tubulências na política.

O resultado confirma a mudança de tendência no fluxo de recursos em dólares direcionados ao país. Nos últimos três anos, o Brasil foi beneficiado por um excesso de dinheiro disponível no mundo e a perspectiva de baixo crescimento em outras economias do mundo.

Em 2012, o volume total dos ingressos superou a saída de dólares em quase US$ 17 bilhões. O pico foi registrado em 2012: US$ 65,3 bilhões.

Sinais de melhora na economia americana e a perspectiva do fim do programa de estímulos à economia levaram os investidores a deixar emergentes em busca de retornos mais atrativos nos EUA.

A menor disponibilidade de recursos no mundo e as incertezas em relação à economia brasileira, com crescimento lento, mais intervenção do governo e ameaça de piora na classificação de risco, também afetaram o fluxo em 2013.

No ano passado, a conta financeiro, que reúne operações como investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, foi responsável pelo saldo negativo do fluxo cambial. O segmento registrou saldo negativo de US$ 23,396 bilhões, contra o resultado positivo de US$ 8,380 bilhões em 2012.

Já o fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) apresentou saldo positivo de US$ 11,136 bilhões contra o superávit de US$ 8,373 bilhões em 2012.

"A fuga de capital foi evidente no ano passado, mas não vejo como um grande risco para este ano", afirma o diretor da área de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.