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    Dólar chega a R$ 2,40 com cautela sobre economia brasileira e dados dos EUA

    DE SÃO PAULO

    09/01/2014 15h53

    O dólar voltou a subir nesta quinta-feira (9) e se aproxima dos níveis vistos no final de agosto, diante da preocupação dos investidores com a economia brasileira e a expectativa por números do mercado de trabalho dos Estados Unidos que serão divulgados amanhã.

    Segundo operadores, o temor é que dados fortes de emprego nos EUA podem colaborar para que o Fed, banco central americano, acelere o ritmo de retirada de seu estímulo econômico. Isso enxugaria o volume de recursos disponíveis para investimento nos emergentes, como o Brasil, restringindo a oferta de dólares e pressionando a cotação da moeda para cima.

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    Às 15h50 (horário de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 0,46% em relação ao real, para R$ 2,400 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,46%, a R$ 2,401.

    Até o momento, este é o maior valor para o dólar desde 22 de agosto, quando a moeda à vista chegou a R$ 2,430, forçando o Banco Central do Brasil a adotar um programa de intervenções diárias no câmbio para tentar conter a escalada da cotação.

    "Todo indicador bom da economia americana tem efeito negativo no Brasil, pois estimula a saída de investimentos daqui para o mercado americano, na esteira da recuperação daquele país", diz Reginaldo Siaca, superintendente de câmbio da Advanced Corretora. "Com menos oferta de dólares, a cotação sobe", acrescenta.

    Ontem, a ata da última reunião do Fed mostrou que os membros do banco central dos EUA consideravam no mês passado que o programa de estímulos iniciado no fim de 2012 já estava perdendo poderes e trazendo riscos para a economia.

    O Fed, em dezembro, deu o primeiro passo para reduzir sua política para tirar a economia americana do buraco: diminuiu de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões a injeção mensal de estímulo, via compra de títulos.

    Também pesa sobre o câmbio o cenário de preocupação dos investidores com a economia brasileira.

    "Tivemos em 2013 a maior saída de dólares do país desde 2002, a elevação do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] pelo governo nos cartões pré-pagos pode não ser suficiente para frear os gastos no exterior e ainda permanecem as preocupações sobre um possível corte na nota soberana do Brasil. Tudo isso força a cotação do dólar para cima", diz Siaca.

    Segundo ele, o mercado não tem motivos para enxergar uma melhora na economia brasileira em 2014. "Com Carnaval, Copa do Mundo e eleição, o crescimento [econômico] já está comprometido", completa.

    A alta do dólar hoje ocorre mesmo com a intervenção programada do BC brasileiro no mercado, através da venda de 4 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), por US$ 199,2 milhões.

    BOLSA

    No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha queda de 2,13%, às 15h50, para 49.495 pontos. A cautela com os dados de emprego americano e um ligeiro desaquecimento da economia chinesa, segundo analistas, ofuscava a agenda positiva da Europa no dia.

    Na China, a inflação anual ao consumidor desacelerou com mais força do que o esperado em dezembro, para 2,5%, a mínima em sete meses. O dado sugere um consumo menor no principal parceiro comercial do Brasil.

    Na Europa, a confiança econômica dos 18 países que compartilham o euro se fortaleceu em 1,6% em dezembro, acima das expectativas, enquanto a produção industrial da Alemanha cresceu ligeiramente acima do esperado em novembro, avançando 1,9% na comparação mensal.

    Ainda no Velho Continente, o Banco Central Europeu manteve sua principal taxa de juros na mínima recorde de 0,25% ao ano nesta quinta-feira. A medida era amplamente esperada pelo mercado. A Inglaterra também manteve inalterada sua política monetária.

    A queda da Bolsa era guidada pela desvalorização das ações mais negociadas de Petrobras (-1,85%) e Vale (-3,31%), às 15h52. Juntos, esses dois papéis representam mais de 16% do Ibovespa.

    Na ponta positiva do índice, a ALL tinha a alta mais expressiva, de 8,48%. O jornal "Valor Econômico" afirmou hoje que uma fusão entre a ALL e a Rumo Logística, companhia de transporte de açúcar da Cosan, está em avaliação como solução para a disputa judicial entre as empresas a respeito do cumprimento do transporte de volumes contratados para escoamento de açúcar.

    As ações da Cosan subiam 1,19% no mesmo horário. Apenas cinco ações das 72 que compõem o Ibovespa tinham ganhos: além de ALL e Cosan, subiam os papéis mais negociados da Oi (+1,50%) e as ações de Braskem (+0,60%) e TIM (+0,53%).

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