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    Com lei seca e alta de custos, cerveja sobe mais em restaurantes e bares

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    10/01/2014 03h00

    Cena comum em dias de calor intenso como o das últimas semanas: bares cheios de consumidores sedentos por uma cerveja gelada. O tradicional programa de verão do brasileiro, porém, tem se tornado cada vez mais caro.

    Em 2013, pelo terceiro ano consecutivo, o preço da cerveja subiu bem acima da inflação. Enquanto o IPCA, principal índice de preços, avançou 5,9% no ano passado, a cerveja subiu 9,3%, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.

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    Nos bares e nos restaurantes, a alta foi ainda mais significativa, de 10,5%, invertendo a tendência dos dois últimos anos, quando a bebida subiu mais nos supermercados do que nesses estabelecimentos.

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    "Há dois anos, uma garrafa de cerveja no bar estava na faixa de R$ 5. Agora, está sempre acima de R$ 8 ou R$ 9. É um aumento de quase 100%", observa o microempresário Marcos Cruz, 33.

    Para Adalberto Viviani, da Concept consultoria, especializada no setor, a percepção do consumidor está correta: os reajustes, neste ano, foram maiores nos pontos de venda, que tentaram recompor as margens de lucro com aumento no preço de bebidas.

    "A situação de pleno emprego elevou o custo da mão de obra e, com a lei seca, os bares tiveram queda acentuada na frequência. Para compensar, elevaram os preços."

    Dependendo da região de São Paulo, a frequência nos bares caiu de 10% a 20%, segundo o diretor da Abrasel-SP (associação de bares e restaurantes), Percival Maricato. "A situação é preocupante." Ele nega que tenha havido forte aumento de preço.

    "O que os proprietários fazem, no máximo, é repassar a alta de preço praticada pela indústria, até porque a concorrência é violenta", diz.

    A Ambev, que tem participação de mercado de aproximadamente 70%, afirma ter elevado os preços entre 5,5% e 6% no ano passado. Fora do lar, o preço da cerveja subiu quase 10% até novembro.

    "Em 2013, nossa política de preços foi em linha com a inflação, em razão da decisão do governo de não fazer o aumento de imposto que era previsto para outubro", diz Nelson Jamel, diretor financeiro.

    A queda no consumo também motivou a decisão da empresa, que agora tenta convencer o varejo a não aumentar os preços com a esperada retomada da demanda, motivada pelo calor.

    Em dezembro, a Ambev lançou uma campanha em 500 mil pontos de venda no país, motivando-os a não promover reajustes durante o verão. "Achamos que era importante mostrar ao varejo que o aumento de receita pode vir pelo maior volume, e não por preço. É uma forma de reativar a indústria", diz.

    Segundo a empresa, a adesão à campanha foi total.

    CONSUMO EM QUEDA

    A produção de cerveja caiu 2% no ano passado, segundo dados do Sicobe (sistema de controle de produção de bebidas da Receita Federal).

    O setor foi afetado pela inflação de alimentos, pelo clima menos favorável e pelo freio no crescimento da renda, que nos anos anteriores motivou a alta na demanda.

    Para 2014, a expectativa é de maior consumo, devido a temperaturas mais altas e à Copa do Mundo. "Devemos ter um mês de consumo de verão no inverno", diz Jamel.

    Viviani, da Concept, diz que, por ser um ano eleitoral, espera-se aceleração de obras públicas, o que pode estimular ganhos de renda e o consumo. "A indústria deve crescer entre 2% e 3%", estima.

    Já os preços podem subir com um novo aumento de tributos previsto para abril. O tamanho do repasse dependerá da estratégia do setor.

    editoria de arte/folhapress
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