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    Acordo prevê aumento de combustíveis em junho

    NATUZA NERY
    SHEILA D´AMORIM
    DE BRASÍLIA

    15/01/2014 14h00

    O governo e a Petrobras estimam para junho um novo aumento da gasolina e do diesel. O calendário, que não foi divulgado ao mercado, integra um dos pontos do mecanismo aprovado em dezembro pelo conselho de administração da empresa, presidido pelo Ministério da Fazenda.

    Na reunião de dezembro, o conselho iniciou uma nova política de preços com o reajuste de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel.

    À época, a estatal afirmou que o mecanismo fora adotado para garantir a "convergência dos preços internacionais ao mercado doméstico", há tempos defasado, e "assegurar a redução do nível de endividamento da estatal no prazo de 24 meses".

    INFLAÇÃO

    Segundo a Folha apurou junto a integrantes da equipe econômica, o calendário passou a preocupar mais a cúpula do Executivo após o reajuste do mês passado ter sido um dos vilões do aumento da inflação em 2013.

    Uma saída, segundo setores do governo, seria antecipar o aumento, talvez para março, diluindo assim o impacto do reajuste sobre a campanha de reeleição de Dilma Rousseff.

    Evitar a pressão inflacionária em ano de sucessão é uma das obsessões da presidente da República.

    Nas avaliações internas, a principal força eleitoral da campanha pela reeleição vem do baixo índice de desemprego e do estável nível de renda da população, variável sempre impactada quando há pressão nos preços.

    SIGILO

    Em dezembro, após aprovar a política de recuperação, a Petrobras deixou claro por meio de comunicado que os critérios de reajuste não seriam divulgados. Nem a empresa nem o Executivo federal detalharam qual seria o mecanismo.

    O efeito colateral do sigilo é blindar o governo de cobranças no caso do não cumprimento dos parâmetros para tentar sanar o deficit no caixa da empresa.

    No comunicado divulgado à época, a estatal afirmava que, para recuperar o caixa, combinaria a política de reajuste com o crescimento da produção de petróleo.

    Tanto o aumento de dezembro quanto a definição de um método de reajuste ocorreram após intenso embate entre a companhia e o governo federal, sócio majoritário e resistente à elevação por medo de provocar mais inflação.

    FÓRMULA

    Ano passado, para pressionar a Fazenda, a diretoria da empresa havia aprovado, de surpresa, uma fórmula de reajuste automático, mas a alternativa acabou sendo descartada por ordem de Dilma. O argumento é de que a fórmula criaria um gatilho inflacionário na economia.

    Sem novos reajustes, a empresa pode ser rebaixada pelas agências de classificação de risco; ou, no jargão de mercado, perder o chamado grau de investimento em plena corrida eleitoral. Esse rebaixamento encareceria empréstimos e financiamentos tomados no exterior, por exemplo.

    Nos últimos anos, o Brasil passou de exportador a importador de gasolina para dar conta do aumento da frota de veículos.

    As importações acabaram afetando os resultados da estatal, já que ela não repassa para os consumidores o custo total das aquisições.

    Analistas de mercado e economistas ligados à oposição atribuem ao governo o controle de preço da gasolina e seu impacto sobre a saúde financeira da empresa.

    Durante a eleição, o controle sobre os aumentos da Petrobras tendem a ser um dos temas da campanha.

    Procurado, o ministério da Fazenda não comentou o assunto e informou que o titular da pasta, Guido Mantega, presidente do conselho de administração da Petrobras, está em férias. A assessoria da estatal também não quis comentar.

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