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    Morre, aos 88 anos, fundador da escola Yázigi

    RICARDO MIOTO
    DE SÃO PAULO

    22/01/2014 23h16

    Morreu hoje, aos 88 anos, vítima de uma parada cardíaca, o empresário Fernando Heráclio Silva, fundador da escola de idiomas Yázigi.

    Baiano de Ilhéus, Silva veio a São Paulo com a família no fim dos anos 1930. O pai havia perdido a fazenda de cacau que tinham no sul da Bahia.

    Aos 22 anos, estudando filosofia na USP, Silva recebeu um convite do amigo César Yázigi, que dava aulas de inglês. Se topasse ensinar português para estrangeiros, poderiam abrir juntos uma escola.

    O irmão Itamar Silva conta que gastavam horas mimeografando materiais de aula. O Yázigi ganhou projeção, diz, quando, com o surgimento da TV Tupi, passaram a dar aulas ao vivo na televisão.

    Em 1952, casou-se com a americana Catherine, então com 17 anos -segundo dizia, contra o desejo do sogro, que não queria a filha com um "mestiço baiano". Abandonou a USP para cuidar do Yázigi.

    A escola foi pioneira no sistema de franquias, que ganhou força nos anos 1960. Em um tempo em que o ensino de inglês se baseava em textos literários, destacaram-se as aulas com mímica e teatro.

    Nas décadas seguintes, interessou-se por arte e natureza. Foi amigo de Tomie Ohtake, do jornalista Cláudio Abramo e dos irmãos Villas-Bôas, indianistas. Presidiu o Instituto Nacional do Livro e criou a ONG SOS Mata Atlântica.

    Comprou uma ilha deserta em Ilhabela, que revitalizou. Utilizava a mão de obra do filho Ricardo Young, hoje vereador em São Paulo pelo PPS, para carregar adubo.

    Afastou-se do Yázigi em 1987. Após a morte de Catherine, nos anos 1970, casou-se novamente e teve a sua filha mais nova, Julia, aos 68 anos. Viveu os últimos anos em um sítio perto de Salvador.

    Deixa cinco filhos, duas enteadas e seis netos. "Era um pai duro, que não queria filhos acomodados", diz Ricardo.

    Em 2010, as 420 escolas do Yázigi (avaliadas em R$ 100 milhões) foram vendidas ao Grupo Multi, da rival Wizard.

    "No fundo, eu sou um professor e sempre senti frustração por não ter concluído o curso de filosofia. Hoje, sou só um jardineiro", escreveu há pouco mais de dez anos.

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