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    Queda do peso argentino põe em alerta mercado do Brasil

    MARIANA CARNEIRO
    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    24/01/2014 03h30

    A queda mais forte do peso argentino, ocorrida nos dois últimos dias, colocou em alerta investidores do mercado brasileiro.

    Ontem, o dólar subiu e fechou no maior preço (R$ 2,395) em cinco meses em relação ao real e a Bolsa registrou uma queda 1,98% do seu principal índice.

    Os movimentos tiveram mais relação com dados pouco animadores da China e com novos sinais de redução dos estímulos nos EUA do que com a turbulência do vizinho.

    As Bolsas do mundo todo se desvalorizaram e, entre as 24 moedas emergentes mais negociadas, 18 caíram em relação ao dólar, refletindo a aversão geral de investidores a aplicações de maior risco.

    Mas as preocupações recaem sobre como investidores estrangeiros possam vir a tratar Argentina e Brasil.

    Consideradas economias irmãs até os anos 1990, quando superaram a inflação elevada com regimes de câmbio fixo, Brasil e Argentina dissociaram suas histórias em 2001. A insistência na dolarização da economia levou o vizinho à crise que culminou no não pagamento de sua dívida externa.

    O colapso argentino respingou no Brasil e sugou parte do crescimento naquele ano.

    Mais de uma década depois, Argentina e Brasil chegam em condições distintas a um novo cenário da economia global. A retomada dos EUA e o consequente afluxo de capitais para a maior economia do mundo afetam o Brasil, mas expõem dificuldades maiores do vizinho. Os países, porém, seguem ligados.

    "O Brasil é um dos maiores parceiros comerciais da Argentina. Portanto, uma profunda crise por lá poderia afetar negativamente a já pobre balança comercial brasileira", diz Tony Volpon, diretor da corretora japonesa Nomura. "Além de fatores psicológicos, há fundamento na ideia de que uma crise teria efeitos no Brasil."

    A Argentina respondeu por 8% das exportações brasileiras em 2013, atrás de China (19%) e EUA (10%). Mas compra produtos industrializados, sobretudo automóveis, que representam um quarto do que o Brasil vende para o vizinho.

    Um dos instrumentos do governo para tentar controlar a queda do peso é justamente reduzir as compras externas. Em dezembro, a Argentina avisou que cortaria 27% das compras de carros brasileiros neste ano. E são renitentes as queixas do setor produtivo brasileiro sobre as dificuldades em vender para o país vizinho.

    Editoria de Arte/Folhapress

    CLIMA

    Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a crise na Argentina cria um clima de desvalorização em todos vizinhos.

    "Houve uma piora da perspectiva de risco em relação aos emergentes, principalmente latino-americanos."

    Mas ele pondera: "Ficamos apreensivos com a situação do nosso vizinho, mas seria um equívoco imaginar que o efeito será forte aqui".

    O maior risco seria que o abalo argentino contribuísse para dar mais impulso ao dólar no Brasil. Com base no cenário atual, analistas ouvidos pela pesquisa semanal do BC projetam a moeda em R$ 2,45 ao fim do ano. Uma alta adicional poderia pressionar a inflação e levar o BC a subir os juros ainda mais.

    Folhainvest

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