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    Fundo de investimento pede que Brasil repense políticas econômicas

    DA REUTERS

    24/01/2014 19h56

    O Pacific Investiment Management Co., o maior fundo de bônus do mundo, pediu que o Brasil repense suas atuais políticas econômicas e restaure a credibilidade nas finanças públicas.

    Esse foi o último sinal de que investidores estrangeiros estão preocupados com as perspectivas da maior economia da América Latina.

    "Os formuladores de políticas no Brasil precisam trabalhar em um plano para atrair investimentos, revitalizar a confiança e estimular o crescimento com inflação moderada" disse o co-chefe de mercados emergentes do fundo, Michael Gomez, em uma carta aos investidores do Pacific Investment Managment.

    Pimco, como o fundo com sede na Califórnia é conhecido, administra cerca de US$ 1,97 trilhões de dólares em ativos.

    A carta de Gomez marca a mudança para um tom mais radical. Em 2002, Mohamed El-Erian, que, na época, gerenciava US$ 15 bilhões em fundos de mercados emergentes para o Pimco, disse que a eleição de Lula não iria desencadear uma crise no Brasil.

    Na terça-feira (21), El-Erian renunciou como chefe-executivo da Pimco e co-chefe de investimento do escritório.

    INVESTIMENTO

    Gomez disse que o clima de investimento no país no último ano foi caracterizado por nada a não ser "ordem e progresso". "A decisão da Standard and Poor's de colocar em perspectiva negativa o rating do Brasil alarmou sobre o estado das finanças do governo brasileiro", disse.

    "Brasil precisa ancorar sua política econômica em torno de uma meta de superávit primário rigorosa e crível, em vez de executar o mix atual de política fiscal frouxa, crédito público subsidiado e política monetária cada vez mais rigorosa."

    As observações de Gomez vêm de um cenário em que níveis de empréstimo mais altos, uma eleição presidencial e a retirada de estímulos financeiros nos Estados Unidos estão fazendo os investidores ficarem assustados em relação ao Brasil.

    Pimco e bancos, incluindo o HSBC e Citigroup, estão preocupados que o declínio do mercado no ano passado possa se estender para 2014 se os desequilíbrios macroeconômicos se aprofundarem, os ruídos políticos no caminho das eleições aumentarem e a turbulência no mercado global afetar a confiança do investidor.

    Em 2013, a potencial retirada de estímulo monetário nos Estados Unidos e uma deterioração na posição fiscal do Brasil prejudicou os mercados. A eleição de outubro, na qual a presidente
    Dilma Rousseff deve concorrer para reeleição, é uma preocupação para os investidores.

    POLÍTICAS ERRÁTICAS

    Na década passada, encorajados pela aposta bem-sucedida de El-Erian's no Brasil, investidores depositaram centenas de bilhões de dólares no país. Mas muitos deles estão deixando
    o Brasil agora.

    Sob a administração de Dilma, dizem os investidores, a implementação de políticas foi errática, desequilíbrios nos setores externos do país pioraram e a ingerência do Estado na economia privada desencadearam perdas em investimentos.

    "O mix de políticas erodiu a confiança, distorceu o mercado de juros locais, minou a moeda e injetou prêmio de risco de crédito em ativos soberanos é facilmente solucionável", escreveu Gomez.

    "Diante de uma mudança de cenário externo liderada pela economia chinesa em desaceleração, preços fracos das commodities e um aumento potencial nos custos de empréstimos globais, os formuladores de políticas no Brasil não conseguiram ajustar adequadamente suas políticas para restaurar a confiança e atrair investimento suficiente", disse Gomez.

    Folhainvest

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