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    No Brasil, empresas têm o dobro de credibilidade do que o setor público

    MORRIS KACHANI
    DE SÃO PAULO

    28/01/2014 13h38

    O índice de confiança do brasileiro na iniciativa privada subiu seis pontos percentuais em 2014 e já representa mais do que o dobro do patamar alcançado pelo governo, de acordo com estudo realizado pela agência de relações públicas Edelman Significa.

    O levantamento, intitulado "Barômetro da Confiança", tem como objetivo medir a credibilidade da população em instituições públicas e privadas e foi feito em 27 países, contando com 33 mil entrevistas.

    Nele, a confiança no governo registrou 34 pontos percentuais, um ponto a mais que em 2013, colocando o Brasil em 14º lugar no ranking global, acima de Argentina, Rússia, Espanha, mas muito abaixo de Holanda, Suécia ou Cingapura, que lidera com 82%.

    A confiança nas empresas subiu de 64% para 70%, o que representa o oitavo lugar no ranking global. Emirados Árabes, Indonésia e Índia lideram a lista.

    No Brasil, o pior desempenho foi da indústria de telecomunicações. Acompanhando tendência global, o setor financeiro se manteve em um baixo nível também. Tecnologia e entretenimento aparecem no topo.

    "São poucos os países em que a confiança no governo é maior que nas empresas. Mas no Brasil esta diferença é mais exacerbada", afirma Rodolfo Araújo, líder da área de Conhecimento e Inovação da Edelman Significa.

    Nos Estados Unidos, por exemplo, o fenômeno se repete, mas em menor escala. O índice de confiança no governo é de 37% e nas empresas, de 58%.

    Segundo ele, nos últimos três anos a curva de desempenho das empresas no Brasil é de crescimento. "Aqui, o preconceito com o setor privado é menor".

    Já a curva do governo sofreu um abalo em 2012, quando caiu de 85% em 2011, no apagar das luzes do governo Lula, para 32%, tendo se estabilizado em patamar próximo desde então.

    REGULAMENTAÇÃO

    O estudo mostra também que 55% dos brasileiros acreditam que a regulamentação do mercado por parte do governo ainda é insuficiente. Alemanha e Grã-Bretanha registram índices ainda mais altos a respeito.

    Outro destaque do ranking é a credibilidade da mídia, que no caso brasileiro caiu 3 pontos, para 63 %, acompanhando tendência de queda registrada em 80% dos países consultados. Ainda assim, o Brasil ocupa a sexta posição globalmente.

    Em um contexto geral, o estudo coloca os mecanismos de busca em primeiro lugar, com 65% de credibilidade, juntamente com os meios de comunicação tradicionais, que alcançam o mesmo índice. Portais e blogs aparecem com 54%, mídia social com 47% e sites institucionais, com 45%.

    O índice de credibilidade das ONGs também foi medido. Embora tenha subido 3 pontos percentuais, para 62%, a performance brasileira ainda é uma das piores. O país ocupa a 19ª posição.

    Em um cruzamento dos índices de confiança nas instituições públicas e privadas, o Brasil alcança 57 pontos percentuais, ocupando a 12ª posição no ranking, à frente de países como Alemanha, Argentina, França, Japão, Itália.

    O estudo dividiu os países em três categorias de confiança. O Brasil está entre os neutros. China e Emirados Árabes registram as melhores performances e lideram a lista de países confiantes.

    Para Araújo, a tendência geral apontada pelo ranking é de que há cada vez menos expectativa nas instituições, sejam elas públicas ou privadas, e mais nas pessoas comuns, no chamado boca a boca. O índice de confiança nelas cresceu globalmente 15 pontos em relação a 2009.

    No Brasil, as pessoas comuns estão à frente dos acadêmicos e dos presidentes de empresa, em termos de credibilidade. Contam com 84% - acima do acadêmico, que tem 70%, e dos presidentes, com 60%. É muito mais do que a média internacional, em que os acadêmicos lideram com 67%, seguidos pelas pessoas comuns, com 62%, e presidentes, com 43%.

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