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    Itaú Unibanco anuncia fusão de operação no Chile com CorpBanca

    DE SÃO PAULO

    29/01/2014 10h17

    O Itaú Unibanco anunciou nesta quarta-feira (29) acordo de fusão de sua unidade no Chile com o banco chileno CorpBanca, em uma operação que vai resultar no Itaú CorpBanca, instituição que será controlada 33,58% pelo Itaú Unibanco e 32,92% pelo grupo chileno.

    O acordo inclui uma capitalização de US$ 652 milhões do Itaú Chile, que será incorporado pelo CorpBanca.

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    "Essa operação vem coroar nossa estratégia de sermos o banco latino-americano global. Faz sete anos que estamos crescendo, aprendendo e servindo clientes nessa região", disse nesta quarta-feira (29) o vice-presidente do Itaú Unibanco para a América Latina, Ricardo Marino, após anunciar a fusão.

    A operação levará o Itaú Unibanco da sétima para a quarta posição entre os maiores bancos do Chile em termos de empréstimos. Além disso, o acordo permite que o banco brasileiro ingresse no mercado de varejo financeiro da Colômbia.

    O Itaú CorpBanca será controlado pelo Itaú Unibanco, que fará um acordo de acionistas com o Corp Group. Os presidentes dos Conselhos de Administração do Itaú CorpBanca e de suas subsidiárias serão indicados pelo Corp Group e seus vice-presidentes pelo Itaú Unibanco. A maioria dos membros do conselho de administração será eleita pelo grupo brasileiro.

    TAMANHO

    O novo banco terá US$ 44 bilhões em ativos e US$ 33 bilhões em créditos concedidos. O Itaú Unibanco afirmou que a operação não terá efeitos contábeis relevantes nos resultados da instituição. Marino diz que o valor de mercado do novo banco deve se aproximar dos US$ 8 bilhões.

    A história do Itaú no Chile começou em 2006, com a compra do BankBoston no Brasil em um negócio de US$ 2,2 bilhões, recebidos pelo controlador Bank of America em ações do Itaú. Na ocasião, o Bank of America concordou em negociar de forma exclusiva a venda para o Itaú dos ativos do BankBoston no Chile e no Uruguai.

    Segundo Marino, "a fusão com o CorpBanca trará sinergia, mais recursos e capital para atuarmos no Chile", resumiu Marino, acrescentando que a partir do negócio, a região da América Latina passa a responder por cerca de 10% dos ativos do Itaú Holding.

    Antes da operação, o Chile representava dois terços do portfólio latino americano do banco brasileiro.

    O Itaú é o segundo maior banco brasileiro em ativos totais, com R$ 1,01 trilhão, atrás apenas do Banco do Brasil, com cerca de R$ 1,2 trilhão, de acordo com dados do Banco Central referentes a setembro de 2013.

    No terceiro trimestre do ano passado o banco privado registrou lucro de R$ 4 bilhões, acima da previsão do mercado. No período, a inadimplência da instituição financeira ficou em 3,9%, o menor nível desde a fusão com o Unibanco, em novembro de 2008.

    A carteira de crédito do banco teve expansão de 9,9% em relação ao terceiro trimestre de 2012, totalizando R$ 481,02 bilhões.

    Em 2011, o CorpBanca comprou o Santander Colombia por US$ 1,225 bilhão.

    COLÔMBIA

    Os dois grupos lançarão uma oferta para comprar participação restante no CorpBanca Colombia por US$ 894 milhões. A compra é um dos motivos da capitalização de US$ 652 milhões do Itaú Chile. "Vamos comprar uma participação direta de 12,38% do CorpBanca", explica Marino.

    Além disso, o valor servirá para melhorar o nível de capitalização do banco e deixar uma reserva para futuras negócios no Chile e na Colômbia.

    MERCADOS EMERGENTES

    No comunicado em que anunciou a fusão, o Itaú Unibanco disse que, junto ao Corp Group, vai buscar novas oportunidades no setor financeiro de Colômbia, Chile, Peru e América Central.

    Em um cenário de volatilidade cambial nos países emergentes e incertezas sobre o crescimento, Marino disse não há preocupação por parte do banco e que os planos de expansão na América Latina estão mantidos.

    "Isso não nos assusta. Fizemos a fusão com o Unibanco quando os riscos eram maiores ainda, em 2008, logo após a quebra do Lemon Brothers. Passaram-se cinco anos e a operação está completamente consolidada. Temos uma visão de investimento de longo prazo", disse.

    Marino anunciou ainda que o Corp Group terá a oportunidade de ser acionistas dos negócios que o Itaú mantém em outros países latino-americanos, como Uruguai e Paraguai. No entanto, frisou que a administração dos negócios nesses países não será afetada pela fusão.

    A negociação da fusão durou alguns meses. Segundo Marino, o Itaú Unibanco disputou a operação com outras instituições não reveladas pelo executivo. Ele disse apenas que especulações do mercado e da mídia apontavam para o espanhol Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA).

    INTERNACIONALIZAÇÃO

    A decisão do Itaú de apostar em uma expansão na América Latina foi acertada, mas talvez não tenha ocorrido no momento certo, afirma Erivelto Rodrigues, presidente da agência de classificação de risco Austin Rating.

    "Não sei se o momento é adequado, porque há muito espaço para crescer no Brasil. Outras instituições fazem isso quando sentem que mercado local está saturado, mas no Brasil ainda há muito espaço para crescer", afirma.

    Com a operação, o Itaú Corpbanca passará da sétima para a quarta colocação no ranking total de crédito.

    Sobre a escolha do Chile, Rodrigues afirma que o país é uma boa opção para os bancos que desejam partir para a internacionalização. "Talvez a economia chilena seja a mais estável na América Latina, é quase um país europeu na América latina, mas também tem poucas alternativas de crescimento porque é um país pequeno", diz.

    Folhainvest

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