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    Mineração frustra região norte de Minas Gerais

    PAULO PEIXOTO
    DE BELO HORIZONTE

    01/02/2014 14h00

    Anunciado como a nova meca da mineração, o norte de Minas Gerais terá que esperar ainda mais até que operações de exploração de ferro e ouro saiam do papel.

    Projetos anunciados para a região há quatro anos estão parados e pendentes de licenças, revisões e investimentos.

    As prefeituras, que depositam nesses planos a expectativa de redenção econômica para a empobrecida região, se dizem frustradas.

    Essa possível fronteira minerária veio à tona em 2009, na esteira do ânimo de investidores nacionais e estrangeiros diante da alta do minério no mercado internacional. Os projetos somam R$ 8 bilhões, com promessas de operação em 2013 e 2014.

    Sam (Sul América Metais), Miba (Mineração Minas Bahia) e Vale assinaram protocolos de investimento com o governo de Minas para explorar o minério de ferro. A mineração Riacho dos Machados previu explorar ouro.

    CRISE

    Na época, em dezembro de 2009, a tonelada do minério estava em US$ 90. Hoje, uma crise internacional depois, bate em US$ 132/tonelada –após chegar a US$ 187 em fevereiro de 2011.

    Como o minério da região é de baixo teor de ferro e prevê mais despesas com beneficiamento, o preço é um desestímulo ainda maior ao investimento, embora as empresas não admitam isso abertamente –culpam a burocracia estatal pela demora.

    Enquanto isso, cidades como Grão Mogol, uma das cidades beneficiadas pelos projetos de Miba e Sam, esperam a chance de poder elevar em a arrecadação em até dez vezes –hoje em R$ 27 mi/mês.

    "Cada assinatura de um protocolo criava expectativa na população. Quando veio a paralisação da Miba [setembro de 2013] foi uma frustração, porque demitiram funcionários que estavam trabalhando", disse o prefeito Jeferson Figueiredo (PP).

    A empresa demitiu 60 pessoas, e pouco se sabe do futuro do projeto de produzir 25 milhões de toneladas/ano.

    "Paralisou tudo. A Miba praticamente acabou, não temos informação nenhuma sobre ela", afirmou o prefeito

    EXPECTATIVAS

    A Sam, que também quer produzir 25 milhões de toneladas/ano e escoar a produção por mineroduto, continua "animada" com o projeto", diz o prefeito, mas os planos foram adiados para 2017.

    O prefeito de Riacho dos Machados, Elton Almeida (PTB), não vê a hora de a mineração canadense iniciar a exploração do ouro. Com receita mensal de R$ 650 mil, a cidade anseia pelo ouro.

    "O município é muito carente, e essa mineração vai ajudar muito. Já gerou empregos e ajudou muito", disse. Estudos do governo de Minas estimaram as reservas de minério em 20 bilhões de toneladas numa área que abrange 20 municípios.

    Tudo isso criou grande expectativa na região, disse Luiz Lobo, da associação municipalista local. Comerciantes investiram em pequenos negócios e o preço da terra subiu em meio à especulação fundiária, afirma ele.

    "Os terrenos estão lá para vender, e as pessoas pararam de produzir", disse Lobo. O cartório de Rio Pardo de Minas, onde a Vale pretende atuar, confirma a disparada.

    Terrenos na zona rural onde o hectare tem preço mínimo de R$ 450 estão sendo negociados por até R$ 2.500 o hectare. Na área urbana, pede-se até R$ 25 mil pelo hectare –o valor ficava em R$ 2.500 antes do boom de anúncios de investimento.

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