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    Defensores da legalização da maconha usam Super Bowl para promover causa

    SHANNON BOND
    DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK

    03/02/2014 15h34

    Bem-vindo ao Chapado Bowl. Não só a decisão do campeonato de futebol americano da National Football League (NFL), domingo (2), foi realizada entre times do Colorado e de Washington, os dois Estados norte-americanos que legalizaram o uso recreativo de maconha - como o jogo se tornou um campo de batalha quanto à criminalização da maconha.

    Em lugar de comerciais ao custo de US$ 4 milhões por 30 segundos, os proponentes e os adversários da legalização da maconha exploraram a atenção gerada por um dos maiores eventos do ano por meio de uma mídia decididamente mais barata: os outdoors.

    Os espectadores que se encaminhavam ao estádio de Nova Jersey onde o Denver Broncos e o Seattle Seahawks se enfrentaram foram recebidos por outdoors de 18 metros de largura alegando que a maconha faz menos mal do que a cerveja ou o futebol americano, e criticando a oposição da NFL a essa droga.

    Um dos outdoors mostrava um homem caído de cara no chão, segurando uma cerveja, ao lado de um jogador de futebol americano caído e se contorcendo de dor. "Maconha: Mais segura que o álcool... e o futebol americano". Dois outros mostravam jogadores de futebol americano, acompanhados pelo texto: "Por que a NFL nos pune por fazermos a escolha mais segura?"

    Os outdoors foram pagos pelo Marijuana Policy Project (MPP), um grupo que apoia a legalização da maconha e está pressionando a NFL a deixar de penalizar jogadores que usem a droga.

    "Por que a NFL desejaria estimular seus jogadores a beber álcool em lugar de fazerem a escolha mais segura e usarem maconha?", questiona Mason Tvert, porta-voz do MPP. "Se é aceitável que atletas joguem champanhe uns nos outros diante das câmeras, deveria ser aceitável que fumem maconha em casa".

    APOIO PÚBLICO

    Os defensores da maconha estão felizes com o crescente apoio público à legalização. Cerca de 55% dos norte-americanos a favorecem, de acordo com uma pesquisa da rede de TV NBC e do jornal "Washington Post", na semana passada.

    No mês passado, o presidente Barack Obama declarou, segundo a revista "New Yorker", que "não acho que" [a maconha] "seja mais perigosa que o álcool" - ainda que a Casa Branca não tenha demorado a acrescentar que ele não estava defendendo a legalização.

    Em resposta aos anúncios do MPP, um grupo que combate a maconha chamado Smart Approaches to Marijuana (SAM) adquiriu outdoors em posições próximas. O texto diz "motivação, perseverança, determinação", e abaixo disso a imagem de uma folha de maconha e o texto: "Nenhuma das anteriores". O outdoor traz o alerta: "A maconha mata sua garra. Não perca no jogo da vida".

    Patrick Kennedy, ex-deputado federal e presidente da organização, disse que "maconha não é uma droga segura, especialmente não para os jovens, e precisamos reiterar mensagem aos técnicos, pais, esportistas e adolescentes em geral a mensagem de que ela não tem lugar no futebol americano".

    O custo total dos outdoors da MPP foi de US$ 5 mil, enquanto os três painéis da SAM custaram US$ 4,5 mil - uma fração dos US$ 4 milhões pagos por empresas para adquirir um comercial de TV de 30 segundos durante o jogo.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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