• Mercado

    Tuesday, 14-May-2024 02:34:11 -03

    Juros ao consumidor têm maior nível desde setembro de 2012, diz Anefac

    DE SÃO PAULO

    10/02/2014 12h09

    A política de aumento do juro básico (Selic) adotada pelo Banco Central desde meados de 2013 fez com que as taxas médias cobradas dos consumidores atingissem, em janeiro, o maior patamar desde setembro de 2012, de acordo com pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) divulgada nesta segunda-feira (10).

    As taxas médias de juros passaram de 5,60% ao mês em dezembro de 2013 (ou 92,29% ao ano) para 5,65% ao mês em janeiro (ou 93,39% ao ano) de 2014. A Selic está 10,5% ao ano e a perspectiva de economistas é que haja mais aumentos da taxa básica em função da inflação –que permanece em níveis preocupantes, segundo avaliações do mercado financeiro, apesar da desaceleração recente.

    De acordo com Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac, o aperto monetário promovido pelo BC na tentativa de controlar a alta da inflação é o responsável pelo aumento dos juros ao consumidor.

    No boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, economistas de mercado elevaram a projeção da taxa básica para 11,25% este ano. Em 2015, a Selic deve encerrar o ano a 12%.

    As elevações ocorrem em um contexto de maior saída de recursos dos países emergentes, que, como resposta, aumentam os juros para evitar uma fuga maior de investidores.

    Mesmo com a desaceleração do IPCA, indicador oficial de inflação, em janeiro para 0,55% –o menor índice para o mês desde 2009, Oliveira vê novo aumento da Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), em 25 e 26 de fevereiro. "Por causa disso, é provável que as taxas de juros das operações de crédito voltem a ser elevadas nos próximos meses", diz.

    Desde abril do ano passado, quando o Banco Central começou a elevar a Selic, já foram sete aumentos das taxas de juros cobradas ao consumidor. A Selic é o custo mínimo de captação dos bancos. Quando ela aumenta, as instituições tendem a repassar a alta para suas linhas de crédito.

    Entre as seis linhas de crédito pesquisadas pela Anefac, apenas uma se manteve estável em relação a dezembro: cartão de crédito. Compare, abaixo, as taxas cobradas em dezembro de 2013 e janeiro deste ano.

    TAXA DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA EM JANEIRO

    Linha de crédito Taxa em dezembro de 2013, ao mês Taxa em janeiro de 2014, ao mês
    Juros no comércio 4,25% 4,35%
    Cartão de crédito 9,37% 9,37%
    Cheque especial 7,97% 8,03%
    CDC -bancos- financiamento de automóveis 1,65% 1,69%
    Empréstimo pessoal (bancos) 3,20% 3,26%
    Empréstimo pessoal (financeiras) 7,16% 7,20%
    Taxa média 5,60% 5,65%

    EXEMPLOS DE IMPACTO EM EMPRÉSTIMOS

    Empréstimo pessoal de R$ 5.000 em banco em 12 parcelas

    Juro mensal, em % Valor da parcela, em R$ Total pago, em R$
    3,26 510,14 6.121,68

    Uso de R$ 3.000 no rotativo do cartão de crédito por 30 dias

    Juro mensal, em % Valor dos juros pagos, em R$ Total pago, em R$
    9,37 281,10 3.281,10

    Uso de R$ 1.000 por 20 dias no cheque especial

    Juro mensal, em % Valor dos juros pagos, em R$ Total pago, em R$
    8,03 53,53 1.053,53

    PESSOA JURÍDICA

    Nas linhas voltadas a empresas, as taxas médias subiram de 3,25% ao mês (46,78% ao ano) em dezembro de 2013 para 3,29% ao mês (47,47% ao ano) em janeiro de 2014. É o maior patamar desde setembro de 2012.

    As três linhas de crédito pesquisadas pela Anefac subiram em dezembro. Capital de giro passou de 1,65% ao mês em dezembro para 1,70% ao mês em janeiro. Desconto de duplicata subiu de 2,33% ao mês em dezembro para 2,38% ao mês em janeiro, e conta garantida teve alta de 5,77% ao mês para 5,79% ao mês na mesma base comparativa.

    EM 2013

    Em 2014, o juro médio cobrado do consumidor nas diversas linhas de crédito subiu mais que a Selic.

    Enquanto o juro básico aumentou 2,75 pontos percentuais no ano passado, de 7,25% ao ano –o menor da história– para 10% ao ano, o valor cobrado do consumidor cresceu, em média, 3,46 pontos percentuais –de 88,83% ao ano para 92,29% ao ano, também segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

    Vale destacar que o juro médio das linhas de crédito fechou 2013 em valor equivalente a mais de 9 vezes o da Selic, mas, quando a taxa básica era a mínima histórica, essa diferença era ainda maior: superava 12 vezes.

    Considerando cada taxa separadamente, a Selic subiu 37,93% no ano, enquanto o juro ao consumidor, 3,90%.

    "A diferença entre o juro ao consumidor e a taxa básica, que compõe o valor cobrado nos empréstimos, de qualquer forma, continua gritante", diz Samy Dana, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas). "É preciso cuidado ao tomar crédito."

    De acordo com consultores, antes de tomar o crédito, o consumidor deve fazer o diagnóstico das finanças para ver se as prestações cabem no bolso.

    Também é indicado reorganizar as finanças para se livrar das dívidas mais caras: é possível buscar uma linha de crédito com juro menor para substituir uma dívida em outra com taxa mais alta.

    Folhainvest

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024