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    Governo vê risco 'baixíssimo' de desabastecimento de energia neste ano

    JULIA BORBA
    DE BRASÍLIA

    13/02/2014 17h45

    O Ministério de Minas e Energia disse pela primeira vez que existem riscos, mesmo que baixíssimos, de desabastecimento elétrico no país.

    A informação foi anunciada à imprensa nesta quinta-feira (13) durante a segunda tentativa da pasta, nesta semana, em reforçar publicamente que o sistema "dispõe das condições de equilíbrio estrutural necessárias para o abastecimento".

    A nota do ministério foi lida, durante a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que reúne as principais autoridades do governo no setor, pelo Secretário de Energia Elétrica da pasta, Ildo Grüdtner.

    "A não ser que ocorra uma série de vazões pior do que as já registradas, evento de baixíssima probabilidade, não são visualizadas dificuldades no suprimento de energia no país em 2014", diz o texto lido pelo secretário.

    Após terminar a leitura, Grüdtner saiu sem responder as perguntas dos jornalistas.

    Também de acordo com a nota, o sistema de transmissão de energia possui uma rede de 116 mil quilômetros, "suficiente para o escoamento da energia do país aos centros de consumo".

    O texto diz ainda que a operação dessas linhas vem sendo feita dentro dos padrões de segurança, mesmo com "os recordes na demanda máxima, por elevação das temperaturas".

    'SISTEMA EQUILIBRADO'

    Para todo o ano de 2014 o Ministério de Minas e Energia diz que o sistema "apresenta-se estruturalmente equilibrado" e "com sobras".

    O cálculo usado para reforçar esse raciocínio considera um risco de déficit de energia de 5%, que é o valor estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética. Além desse limite, portanto, haveria uma sobra de 6.200 MW médios, o equivalente a 9% da carga prevista.

    Por último, considerando as previsões de chuva, o governo diz que, ao final do período úmido, em abril, os níveis de armazenamento nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste serão suficientes para garantir o suprimento energético do sistema.

    *

    Leia a nota completa do ministério abaixo:

    Em sua 140ª reunião ordinária, realizada na tarde desta quinta-feira, 13 de fevereiro, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), sob a coordenação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, aprovou Nota Informativa em que assegura avaliações prospectivas realizadas para o ano de 2014 de que os níveis de armazenamento "são suficientes para garantir o suprimento energético do Sistema Interligado Nacional".

    Na Nota, lida à imprensa pelo Secretário-executivo do CMSE, Ildo Grudtner, o comitê afirma que o sistema elétrico "está atravessando uma situação conjuntural desfavorável em termos climáticos, em um momento em que o período úmido ainda não está caracterizado, mas dispõe das condições de equilíbrio estrutural necessárias ao abastecimento do País".

    É a seguinte a íntegra da Nota Informativa distribuída pelo CMSE:

    O Brasil, em 31 de dezembro de 2013, apresentava uma capacidade instalada de 126.755 MW, considerando da usina de Itaipu apenas a parcela brasileira. O Brasil também dispõe da parcela paraguaia de Itaipu não utilizada por aquele país, cerca de 5.000 MW. Em termos de fontes, essa capacidade distribui-se em: 86.019 MW de hidrelétricas; 38.529 MW de termelétricas; 2.202 MW de eólicas; 5 MW de solar fotovoltaica.

    Com relação ao sistema de transmissão, o país possui uma rede de 116 mil quilômetros de linhas, suficiente para o escoamento da energia do país aos centros de consumo e para garantir a otimização hidroenergética entre as diversas bacias hidrográficas.

    Quanto às condições de operação da malha de transmissão do Sistema Interligado Nacional, destaca-se que a mesma opera dentro de padrões de segurança, tanto nas interligações entre regiões, quanto na malha de atendimento regional, mesmo com os recordes na demanda máxima, por elevação das temperaturas. Ou seja: não se opera com sobrecarga nos equipamentos; os intercâmbios entre os subsistemas estão respeitando os limites do critério de segurança N-1; os níveis de tensão estão dentro das faixas operativas, dentre outros.

    Observe-se que o despacho de geração térmica para complementar a geração hidrelétrica, por sua localização geoelétrica próximos aos principais centros de carga, contribui para a redução do uso da malha de transmissão, provendo condições adicionais de segurança para a operação da rede elétrica.

    Com essa capacidade de geração, associada às expansões que ocorrerão ao longo de 2014, o sistema apresenta-se estruturalmente equilibrado, com sobras, em termos de balanço energético, considerando-se tanto o critério probabilístico (riscos anuais de déficit), como as análises com as séries históricas de vazões, para o atendimento de uma carga prevista para 2014, da ordem de 67.000 MW médios de energia. Considerando o risco de déficit de 5% (critério estabelecido pelo Conselho Nacional de Política Energética - CNPE), há uma sobra de 6.200 MW médios, equivalente a 9% da carga prevista.

    Ressalta-se que o início do período úmido de 2014 tem se caracterizado, em termos do clima, pela presença persistente de um sistema de alta pressão no oceano, próximo da região Sudeste, que vem impedindo o avanço de frentes frias vindas do Sul, bem como a formação da zona de convergência do atlântico sul - ZCAS, ocasionando uma estiagem prolongada nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste.

    Nessas condições, as afluências verificadas nas principais bacias hidrográficas dessas regiões, verificadas em janeiro e na 1ª semana de fevereiro, situaram-se em valores da ordem de 54% e 42% da média histórica nas regiões Sudeste / Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente.

    As avaliações prospectivas utilizando-se anos semelhantes de afluências e/ou condições climáticas do histórico desde 1931, inclusive o ano de 2001, corroboram a garantia do suprimento no ano de 2014, uma vez que se dispõe atualmente de um parque de geração termelétrico significativo, que pode e deve ser utilizado sempre que necessário, como complementação à geração hidrelétrica. De fato, simulando-se o sistema com essas séries históricas de afluências, não se constata nenhuma série que apresente déficit de energia para atender o mercado.

    Avaliações prospectivas realizadas para o ano de 2014, utilizando-se o valor esperado das previsões de afluências, inclusive corroboradas pelas previsões climáticas, indicam que os níveis de armazenamento, ao final do período úmido nas regiões Sudeste / Centro-Oeste e Nordeste, são suficientes para garantir o suprimento energético do Sistema Interligado.

    Portanto, a não ser que ocorra uma série de vazões pior do que as já registradas, evento de baixíssima probabilidade, não são visualizadas dificuldades no suprimento de energia no país em 2014.

    Ressalte-se que o Ministério de Minas e Energia dispõe de instrumentos para monitorar o equilíbrio estrutural e conjuntural entre oferta e demanda, como o próprio Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico - CMSE.

    Finalmente, o sistema elétrico está atravessando uma situação conjuntural desfavorável em termos climáticos, em um momento em que o período úmido ainda não está caracterizado, mas dispõe das condições de equilíbrio estrutural necessárias para o abastecimento do país.

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