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    Por meta de superavit maior, Mantega cancela viagem

    NATUZA NERY
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    19/02/2014 03h00

    A pressão do Ministério da Fazenda por um corte mais "ambicioso", acima de 2% do PIB, nas despesas do governo atrasou a definição da meta do superavit primário deste ano e obrigou o ministro Guido Mantega (Fazenda) a cancelar sua participação na cúpula do G20, na Austrália.

    A partida estava marcada para amanhã, justamente o dia previsto para o anúncio do novo percentual, equivalente à economia que o setor público pretende fazer para pagar os juros de sua dívida.

    Segundo a Folha apurou, a previsão inicial era divulgar o número hoje, mas a demora na chegada a um consenso atropelou a agenda.

    Até a semana passada, o Palácio do Planalto falava em fixar a meta entre 1,8% e 1,9% do PIB para acomodar os gastos extras no setor elétrico.

    O aumento das incertezas, contudo, levou a Fazenda a pressionar por um corte entre 2,1% e 2,2% do PIB (Produto Interno Bruto). Já o Planejamento defendia algo em torno de 1,8% e 2%.

    Mantega vai se reunir hoje com a presidente para fechar o número final. Segundo assessores, Dilma quer avaliar se a meta defendida pela equipe econômica é exequível. Caso contrário, ela prefere um percentual menor, na casa de 1,8% e 1,9%, mas que convença o mercado de que será, de fato, cumprido.

    Na avaliação do Planalto, o mais importante é a credibilidade. Um assessor diz que o governo já anunciou metas elevadas, que não foram levadas a sério pelo mercado.

    O governo já foi avisado pelas agências de classificação de risco de que o país pode ter sua nota reduzida caso a meta não seja capaz de diminuir o endividamento público.

    Embora as agências tenham cometido erros de avaliação durante a crise de 2008, investidores ainda reagem às notas. Um rebaixamento pode afugentar aplicações, pressionando o dólar e a inflação, em ano eleitoral.

    Interlocutores presidenciais afirmavam que o corte nas despesas federais ficaria acima dos R$ 40 bilhões neste ano, o que indicaria uma meta para a União de 1,6% do PIB. O restante, ao menos 0,5%, ficaria a cargo dos governos regionais.

    A definição do corte foi alterada pela entrada do novo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. A pasta integra a chamada junta orçamentária, instância que define o corte.

    Na primeira reunião após assumir o cargo, Mercadante pediu que secretários e economistas que costumam participar das discussões se retirassem da sala.

    Só autoridades do primeiro escalão participaram. A exceção foi o secretário do Tesouro, Arno Augustin, mas só depois da intervenção da ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

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