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    Facebook negou emprego a fundador do WhatsApp, em 2009

    ZOE WOOD
    DO "GUARDIAN"

    20/02/2014 17h46

    Foi um erro dispendioso para Mark Zuckerberg. Um erro de US$19 bilhões, para ser exato.

    Na metade de 2009, o Facebook recusou emprego a Brian Acton, um dos fundadores do WhatsApp.

    Como qualquer outro candidato a emprego que vê frustradas as suas expectativas, ele recorreu ao Twitter para expressar sua decepção, e sua esperança: "O Facebook me rejeitou... vou em busca da próxima aventura em minha vida",

    A aventura envolveu Acton e seu sócio Jan Koum, imigrante ucraniano cuja experiência com a vigilância da era soviética, na infância, inspirou o serviço de mensagens WhatsApp. Agora, uma transação histórica fez de ambos multibilionários.

    Em um lembrete pungente quanto às origens humildes de Koum, o contrato foi assinado em um bloco de escritórios, hoje desocupado, onde sua família recolhia os cupons de assistência alimentar que recebia do governo.

    Os dois empreendedores formam uma dupla improvável. Enquanto Koum sobreviveu aos difíceis anos de escola em uma aldeia perto de Kiev e deixou a Universidade Estadual de San Jose antes de completar o curso, Acton, formado em ciência da computação pela Universidade Stanford, ocupava seu tempo livre jogando golfe nos subúrbios da Flórida.

    Os dois se conheceram trabalhando para o Yahoo na década de 2000, e em 2009, dois anos depois que eles deixaram a companhia, surgiu o WhatsApp.

    O raciocínio que deu origem ao WhatsApp tinha por raiz as lembranças de Koum quanto a um país no qual os telefones eram alvo de escuta e amigos de escola eram censurados por suas opiniões.

    Ele contou a um entrevistador que "cresci em uma sociedade na qual tudo que você fizesse era espionado, gravado ou dedurado. Ninguém deveria ter direito a bisbilhotar os outros, por isso cria um Estado totalitário - o tipo de Estado de que escapei quando criança para vir a este país, onde existe democracia e liberdade de expressão. Nosso objetivo é proteger esses direitos".

    Peter DaSilva/The New York Times
    Brian Acton e Jan Koum, cofundadores do WhatsApp
    Brian Acton e Jan Koum, cofundadores do WhatsApp

    Ainda que Koum tenha menos de 40 anos e Acton tenha passado há pouco tempo dessa idade, eles são mais velhos que muitos de seus pares no Vale do Silício. Zuckerberg só tem 29 anos. Mas Acton diz que a idade traz perspectiva, enquanto os investidores salivam por serviços de rápido crescimento como o Snapchat.

    "Ótimo, a molecada pode usar [o Snapchat] para arrumar transas o dia inteiro", ele disse a um entrevistador. "Tenho 42 anos, sou praticamente casado, tenho um filho. Não ligo a mínima para isso. Não me interesso por trocar mensagens de sexo com desconhecidos encontrados aleatoriamente".

    Koum tem 1,88 metro e se mudou para a Califórnia com sua mãe e avó em 1992; ele costuma usar camisetas e agasalhos com capuz, o que é uma espécie de uniforme para o pessoal das startups, e não hesita em usar palavrões como parte da conversa.

    Começou a estudar matemática e ciência da computação, mas confessa que era "igualmente ruim nas duas coisas". Prefere manter uma atitude discreta e seu perfil no Twitter se limita a citar Kanye West: "Nós estamos numa galáxia que os invejosos não podem visitar".

    No LinkedIn, seu perfil também é prova de seu senso de humor seco, com um currículo mínimo. Ele diz que "mal se formou" no segundo grau e que largou a universidade. No Yahoo, ele fez "uma coisa e outra". O perfil de Koum recomenda "ver o perfil de Brian para mais informações".

    CURRÍCULO

    O extenso currículo de Acton no site de networking é prova de que ele não se incomoda de fazer o papel do sujeito certinho, na dupla.

    Ele fala nove idiomas, mas isso não o ajuda nas férias porque as linguagens são "C++, Perl, PHP, Erlang, Java, Python, JavaScript, ActionScript" - códigos de software. Ele tempera os detalhes de uma lista de credenciais impressionantes com um elenco extenso de hobbies que incluem frisbee, snowboarding e filmes.

    Acton descreve o relacionamento com o sócio como "yin e yang". "Eu sou o otimista ingênuo, e ele é mais paranoico. Presto atenção a contas e impostos, e ele presta atenção ao nosso produto".

    Na quarta-feira, Koum, cujo pai ficou para trás quando o resto da família saiu da Ucrânia, usou o blog do WhatsApp para reassegurar os usuários de que eles não se haviam vendido.

    Ele escreveu que "nossa equipe sempre acreditou que nem custo e nem distância deveriam impedir que as pessoas se conectassem aos amigos e aos entes queridos, e não descansaremos até que todo mundo, em toda parte, disponha dessa oportunidade".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    editoria de arte/folhapress
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