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    Funcionários de porto usavam 'dedos de silicone' para bater ponto no PR

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    24/02/2014 19h28

    Uma operação da Polícia Federal encontrou nesta segunda-feira (24), no porto de Paranaguá, "dedos de silicone" que eram usados por funcionários para forjar o ponto e receber por dias não trabalhados.

    Os 25 "dedos" foram feitos sob medida, reproduzindo as digitais de 14 funcionários. Estavam em escritórios do porto, armazenados em embalagens com o nome de cada servidor. Até uma moldeira foi encontrada.

    Os servidores são concursados da Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) e trabalham no local há pelo menos oito anos, segundo a PF.

    A Polícia Federal investiga se há outras pessoas envolvidas na fraude.

    Divulgação/MP
    Moldes de silicone dos dedos de 14 funcionários da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina
    Moldes de silicone dos dedos de 14 funcionários da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina

    Os nomes dos funcionários não foram divulgados, já que a investigação corre em segredo de Justiça.

    Segundo o Ministério Público, eles podem responder por falsidade ideológica, formação de quadrilha, peculato e improbidade administrativa, além de perderem seus cargos.

    Ainda não se sabe quantas vezes os "dedos" foram usados e quanto isso representou de despesas para o porto. O sistema de ponto biométrico foi implantado na autarquia em abril do ano passado.

    Para o superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino, a ação está relacionada à "indústria de ações trabalhistas que se instalou no porto".

    "Nos últimos anos, [essa indústria] ceifou mais de R$ 1,4 bilhão dos cofres públicos. Estamos batalhando para reverter esta realidade", afirmou. O porto de Paranaguá tem um passivo trabalhista de aproximadamente R$ 500 milhões, a maioria por desvio de função e horas extras.

    Foi a administração do porto quem alertou a Polícia Federal sobre o caso. Os "dedos" foram encontrados na semana passada por técnicos da Appa, que está em processo de transformação de autarquia para empresa pública.

    O caso não é inédito. No ano passado, médicos que trabalhavam para a prefeitura de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, foram exonerados por cometerem a fraude, também com dedos de silicone.

    A reportagem não conseguiu falar na tarde de hoje com representantes do Sintraport (Sindicato dos Trabalhadores Empregados nos Portos do Paraná).

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