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    Petrobras não deve conseguir baixar endividamento até 2015

    SAMANTHA LIMA
    PEDRO SOARES
    DO RIO

    27/02/2014 03h00

    A presidente da Petrobras, Graça Foster, enfrentará, até 2015, grande dificuldade para reduzir o endividamento da empresa e classifica como "absoluta" a preocupação com o risco de perder o "grau de investimento", que traduz risco baixo de calote.

    Em 2013, a dívida da companhia saltou de R$ 147,8 bilhões para R$ 221,6 bilhões, aumento de 50%. A relação entre dívida e geração de caixa chegou a 3,52, e o grau de alavancagem (dívida sobre patrimônio líquido), a 39%.

    As classificadoras de risco exigem relação dívida e geração de caixa de 2,5. No ano passado, a agência Moody's rebaixou a nota da empresa em um grau, mas a manteve com risco de calote baixo. Empresas com grau de investimento conseguem financiamento a juros menores.

    "Minha preocupação é absoluta, porque o plano de investimentos precisa da manutenção desse grau", disse Graça. A Petrobras precisa captar US$ 12 bilhões por ano, nos próximos cinco anos.

    Reduzir a dívida depende, segundo Graça, de eliminar a defasagem do preços dos combustíveis, cortar custos e elevar a produção, que deverá crescer 7,5% este ano. No ano passado, caiu 2,5%.

    Para os analistas, a missão é quase impossível, porque são pequenas as chances de a companhia eliminar a diferença nos preços dos combustíveis importados e os vendidos no Brasil.

    Segundo Pedro Medeiros, da Citi Corretora, a paridade de preços dos combustíveis e o crescimento da produção em 2014 e 2015 não serão suficientes para conter a deterioração do balanço da empresa, considerando o câmbio atual, caso os investimentos não sejam reduzidos.

    Impedida de repassar os custos com combustíveis por determinação do governo -para controlar a inflação-, a empresa amarga uma perda mensal de R$ 500 milhões.
    Além disso, elevar a produção tem sido difícil, devido a atrasos dos fornecedores em entregar equipamentos. A extração de óleo não sai do mesmo patamar há cinco anos.

    "Não podemos nos esquecer de que 2014 é ano eleitoral e não vai ter reajuste significativo", diz Flávio Konder, economista-chefe da Corretora Gradual. Para ele, se houver o rebaixamento, será "o pior dos mundos". "A empresa precisaria pagar mais juros para captar lá fora", diz.

    O aumento da dívida é resultado da alta de 24% nos investimentos no ano passado, para R$ 104,4 bilhões.

    POUCO ÓLEO NO LUCRO

    O lucro de R$ 23,6 bilhões em 2013 só foi possível graças a um benefício no Imposto de Renda, com impacto de R$ 2,1 bilhões. Ajudou ainda uma nova forma de contabilizar a variação cambial, com impacto de R$ 8 bilhões, o corte de custos e a venda de ativos, de R$ 7,6 bilhões, e os reajustes, que trouxeram um ganho da ordem de R$ 4 bilhões.

    Sem a defasagem, o lucro poderia ter sido perto de R$ 30 bilhões, calcula Konder. A empresa estima que só deixará de importar em 2020.

    Colaborou ANDERSON FIGO, de São Paulo

    Editoria de Arte/Folhapress

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