• Mercado

    Thursday, 02-May-2024 13:43:16 -03

    Saiba interpretar o dado do PIB para seus investimentos

    DE SÃO PAULO

    27/02/2014 10h01

    O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil teve alta de 2,3% 2013. Muitos investidores, no entanto, especialmente os pequenos, podem encontrar dificuldade em saber como interpretar esse tipo de informação.

    A chave para interpretar um indicador econômico como este, segundo especialistas, está na análise do resultado em relação às projeções do mercado.

    "O que acontece é que o mercado sempre antecipa o resultado do indicador. São feitos cálculos com base em diversos fatores –no caso do PIB, seriam os desempenhos de cada setor da economia, por exemplo–, e através deles se chega a uma projeção. Quando as perspectivas são conhecidas, os investidores já começam a ajustar suas aplicações em cima destes números", explica o economista Homero Guizzo, da LCA Consultores.

    O problema é que, em alguns casos, o resultado oficial do indicador pode vir acima ou abaixo do esperado, e, segundo Guizzo, é nessa hora que o investidor deve saber analisar o número.

    O resultado divulgado hoje, por exemplo, divergiu do estimado pelo Banco Central. Seu indicador IBC-Br, usado para mensurar mensalmente o desempenho da economia, apontava uma retração de 0,17% do PIB no quarto trimestre e um avanço de 2,52% no ano.

    O desempenho ficou próximo das previsões de analistas. A maioria dos bancos e instituições financeiras previa um avanço entre 0,3% e 0,5% no último trimestre e entre 2,2% e 2,3% no ano.

    "Se o crescimento do PIB vem acima do que o mercado está esperando, isso tende a pressionar as taxas prefixadas para cima, portanto, é uma notícia ruim para quem já está neste tipo de aplicação (cuja remuneração é determinada no momento da aplicação)", explica João Júnior, da Icap do Brasil.

    "Mas, se o indicador mostra um resultado pior que o esperado, o efeito seria contrário, pressionando as taxas prefixadas para baixo", completa.

    CÂMBIO E AÇÕES

    No mercado de câmbio, os efeitos do PIB são indiretos, o que dificulta a compreensão do pequeno investidor, dizem os especialistas.

    "Os investidores estrangeiros estão receosos com a política econômica do governo brasileiro e evitam trazer novas aplicações para o país, o que reduz a oferta de dólares e pressiona a cotação da moeda americana", diz Felipe Miranda, da Empiricus Research.

    "Dados positivos de atividade, porém, tendem a ter efeito favorável ao câmbio, ajudando o preço a cair", acrescenta.

    Para o mercado de ações, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma que o desempenho do PIB tem peso relevante, especialmente sobre os papéis de companhias ligadas ao setor de consumo.

    "O indicador de PIB é interessante para quem investe na Bolsa. Se as empresas listadas estão em uma economia chamada Brasil, então, a atividade econômica do Brasil tem que se refletir na Bolsa", explica. "Quando a economia vai mal, a Bolsa, no geral, tende a ir mal também", acrescenta.

    O economista avalia que o setor de consumo tem forte peso na composição do PIB, por isso o dado costuma refletir mais sobre as ações de empresas que atuam neste segmento.

    O QUE É O PIB?

    O PIB é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de toda a riqueza gerada no país.

    O cálculo do PIB, no entanto, não é tão simples. Imagine que o IBGE queira calcular a riqueza gerada por um artesão. Ele cobra, por uma escultura, de madeira, R$ 30. No entanto, não é esta a contribuição dele para o PIB.

    Para fazer a escultura, ele usou madeira e tinta. Não é o artesão, no entanto, que produz esses produtos –ele teve que adquiri-los da indústria. O preço de R$ 30 traz embutido os custos para adquirir as matérias-primas para seu trabalho.

    Assim, se a madeira e a tinta custaram R$ 20, a contribuição do artesão para o PIB foi de R$ 10, não de R$ 30. Os R$ 10 foram a riqueza gerada por ele ao transformar um pedaço de madeira e um pouco de tinta em uma escultura.

    Folhainvest

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024