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    Fraqueza do consumo indica novos motores para o crescimento do PIB

    MARIANA CARNEIRO
    CLARA ROMAN
    DE SÃO PAULO

    28/02/2014 03h00

    O consumo mais fraco das famílias, revelado nos dados do PIB de 2013, é sinal de que o modelo de crescimento da economia está mudando.

    Embora positivo, o consumo privado cresceu ao menor ritmo em uma década.

    Entre 2004 e 2010, o Brasil experimentou um forte ciclo de aumento da renda, que sustentou a ascensão de famílias à classe média e ampliou o consumo.

    Desde 2011, porém, esse ritmo de expansão moderou-se e, no ano passado, empatou com o crescimento geral da economia (2,3%). O ano de 2013 foi do investimento.

    Analistas sustentam que a mudança é positiva e que é o caminho para o rebalanceamento da economia.

    "Batemos no teto da oferta e a restrição se revela em duas áreas: no deficit externo e na inflação", afirma Marcelo Carvalho, do BNP Paribas.

    Como o consumo cresceu mais do que o PIB, parte da demanda foi suprida por importados. Serviços, que não têm concorrência externa, subiram de preço e vêm pressionando a inflação.

    O problema, afirma Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e ex-diretor do Banco Central, é que os investimentos ainda não deslancharam a ponto de equilibrar consumo e oferta.

    No ano passado, o governo reduziu impostos para tentar impulsionar setores industriais afetados pelos importados e também contemplou áreas de consumo.

    A lista de setores beneficiados foi ampliada de 25 para 56, permitindo que empresários deixassem de pagar 20% sobre a folha de pagamento para pagar um percentual sobre o faturamento.
    Além disso, setores como o automotivo, tiveram redução de IPI.

    O resultado não foi dos melhores. O setor têxtil, que tem a folha desonerada desde 2012, registrou redução de 1,6% na produção.

    O diretor da Abit (associação que reúne empresários do setor), Fernando Pimentel, diz que, em compensação, foram criados 7.000 empregos, e que o recuo na produção foi menor -em 2012, a queda havia sido de 4,2%.

    "A desoneração da folha é só um dos itens em discussão sobre o resgate da competitividade do setor", disse.

    No setor automotivo, a redução do IPI não o livrou de registrar um recuo de 1,6% nas vendas, segundo a Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias.

    Segundo Freitas, da CNC, a desoneração para o comércio varejista só foi benéfica para alguns tipos de lojas. Para as pequenas, com poucos funcionários, por exemplo, a mudança não compensou.

    Embora em alta, as vendas no varejo cresceram 4,3% em 2013, ritmo menor do que em 2012 (8,4%). Para 2014, economistas esperam nova moderação, em razão do aumento dos juros (que tornam mais apertadas as condições de financiamento) e de um aumento menor da renda.

    No setor da construção, outro beneficiado, o crescimento foi de 1,9%. Os números ainda são fracos, devido ao ajuste pelo qual o setor passa, mas 2013 já teve desempenho melhor que 2012 e há uma expectativa de recuperação.

    Editoria de Arte/Folhapress
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