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    Preço chega a 71,15% do da gasolina e faz álcool perder vantagem

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    01/03/2014 03h00

    O forte calor do início deste ano aumentou o consumo e os preços do etanol, levando o derivado da cana à perda de competitividade em relação à gasolina em São Paulo. O preço do álcool chegou, nesta semana, a 71,15% do valor da gasolina na capital.

    Ao atingir 70% do preço da gasolina, em geral, o álcool deixa de ser competitivo devido ao seu menor rendimento -alguns estudos, no entanto, indicam que esse percentual pode ser maior (veja qual é o combustível mais econômico para o seu carro aqui ).

    Segundo pesquisa da Folha realizada em postos de combustíveis de todas as regiões da cidade, o preço médio do etanol era de R$ 2,049 por litro ontem, com alta de 1,98% em uma semana.

    Em 30 dias, a valorização do biocombustível chega a 5%. Em alguns postos, o litro do álcool já atinge R$ 2,199.

    Já o valor da gasolina, que também avançou 0,5% nesta semana na esteira do etanol, era de R$ 2,88 por litro.

    O aumento de preços do etanol é habitual para essa época do ano, marcada pela entressafra da cana-de-açúcar. A expectativa, no entanto, era de alta moderada das cotações nesse período.

    CONSUMO INESPERADO

    "Mas houve uma demanda inesperada de etanol e gasolina em 2014", diz Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).

    Segundo ele, nos meses de janeiro e fevereiro a demanda por esses combustíveis é normalmente mais fraca que a do resto do ano, devido às férias escolares e ao menor tráfego de veículos.

    Em 2014, porém, o consumo desses combustíveis subiu 11,5% em janeiro e fevereiro, ante o mesmo período do ano passado -bem acima da média histórica de 6% para essa comparação.

    "O clima favoreceu os passeios. Nunca passaram tantos carros nas praças de pedágio", afirma Pádua.

    Os dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) confirmam a maior demanda. As vendas de etanol pelas distribuidoras subiram 23% em janeiro, enquanto as de gasolina C, que leva 25% de etanol anidro, aumentaram 7%.

    O etanol passou a atingir cerca de 36% da frota flex, ante 29% no início de 2013.

    Apesar do aumento no consumo, o nível dos estoques de etanol é considerado satisfatório -no início de fevereiro, ele estava 10% acima do verificado há um ano. O risco de desabastecimento, portanto, é descartado, mas pode haver novos reajustes.

    Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, diz que o aumento de preço também está relacionado à perspectiva de atraso no início da próxima safra na região centro-sul, responsável por 90% da produção.

    Choveu menos no período mais importante para o desenvolvimento da cana, o que deve retardar a moagem.

    Com a colheita tardia, as usinas tentam recuperar o canavial. Parte das perdas, porém, já está dada. "Estamos prevendo quebra de safra", diz Nastari.

    Pádua, da Unica, confirma que haverá queda na safra, mas descarta grandes atrasos na colheita.

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