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    Avanço do Brasil em infraestrutura é lento

    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    02/03/2014 01h30

    Os avanços na área de infraestrutura do Brasil acontecem em ritmo lento se comparados aos alcançados pelos países que têm feito grande progresso nessa área.

    A nota que o Fórum Econômico Mundial atribui à qualidade da infraestrutura brasileira subiu 0,7 ponto entre 2005 e 2013.

    No mesmo período, o aumento médio nas avaliações das dez nações que mais avançaram nesse quesito foi quase o dobro (1,3 ponto).

    A qualidade de aeroportos, estradas e portos é considerada um importante propulsor do crescimento econômico e, portanto, da renda.

    Os mercados emergentes que almejam atingir maior nível de desenvolvimento econômico precisam empreender grande esforço para fechar o hiato na qualidade da infraestrutura que os separam dos países ricos.

    É o que têm feito Indonésia, Geórgia e Albânia, as três primeiras colocadas no ranking das que mais avançaram nas notas para infraestrutura atribuídas pelo Fórum nos últimos oito anos.

    "O governo albanês se deu conta de que o desenvolvimento da infraestrutura é crucial para atrair investimentos de fora", afirma Gabriel Partos, economista da consultoria EIU (Economist Intelligence Unit).

    Segundo Partos, sucessivos governos do país do Leste Europeu tiveram a infraestrutura como prioridade:

    "Isso resultou em realizações impressionantes".

    Editoria de Arte/Folhapress

    Ele cita como exemplo a rodovia Durres-Kukes, que liga o mar Adriático a Kosovo através da Albânia, construída por um consórcio turco-americano. O investimento reduziu pela metade o tempo gasto no trajeto.

    Há casos de emergentes que já têm nota relativamente elevada em comparação a seus pares -como Rússia, China e Turquia-, mas continuam progredindo em ritmo rápido.

    RECEITA

    Segundo Pedro Rodrigues de Almeida, chefe da área de infraestrutura e desenvolvimento urbano do Fórum, há fatores que sempre precisam ser considerados para garantir a eficiência dos projetos.

    Se a opção for por financiamento do governo, os modelos de gestão têm de garantir a eficiência do projeto e a rentabilidade do investimento.

    Esse é um dos pontos mais críticos do modelo brasileiro.

    A proeminência do BNDES como financiador dos projetos de infraestrutura aumentou nos últimos anos.

    Para economistas, a capacidade do banco de analisar a eficiência dos projetos é limitada. Por isso, exige uma série de garantias que acabam sendo uma barreira para muitas empresas.
    Segundo o economista Claudio Frischtak, os países que conseguem grandes avanços em infraestrutura normalmente têm mecanismos de mercado para garantir o financiamento, que envolvem seguradoras.

    "As seguradoras têm experiência na avaliação dos projetos, conseguem estabelecer melhor as garantias", diz.

    Para o economista, que é sócio da consultoria Inter.B, no Brasil, o setor público ainda ocupa espaço excessivo na infraestrutura.

    Almeida ressalta que a participação do setor privado poderia aumentar se o governo brasileiro melhorasse a regulação e os mecanismos de controle de riscos. Ele cita os atrasos das obras do PAC como uma das explicações para o progresso lento do Brasil na área de infraestrutura.

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