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    Queda na mineração compromete balança

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    05/03/2014 03h00

    Num ano em que a balança comercial pode ter mais um resultado fraco, o desempenho da mineração -um dos carros-chefe das exportações brasileiras- preocupa empresários e governo por causa da expectativa de redução no ritmo de produção.

    Segundo estimativas do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), a produção do setor deve registrar em 2014 o terceiro ano de queda seguida, saindo de um valor de US$ 53 bilhões em 2011, primeiro ano do governo Dilma Rousseff, para US$ 43 bilhões neste ano, de acordo com a projeção da entidade.

    "O cenário para o setor é preocupante porque a tendência é de queda nos preços internacionais e de aumento de custo no Brasil", afirma o presidente do Ibram, José Fernando Coura.
    Dentro do governo, a expectativa é que o dólar mais valorizado compense um recuo nos preços dos minerais e até mesmo no volume de vendas desse setor.

    Assessores admitem, no entanto, que o sinal amarelo está aceso porque as exportações brasileiras, neste ano, já devem sofrer por causa das crises dos vizinhos Argentina e Venezuela.

    Edson Silva/Folhapress
    Jazida da Vale Fertilizantes em Tapira(MG): produção mineral brasileira deve atingir US$ 43 bi neste ano
    Jazida da Vale Fertilizantes em Tapira(MG): produção mineral brasileira deve atingir US$ 43 bi neste ano

    Segundo um auxiliar presidencial, qualquer queda de venda em determinado setor pode afetar a balança comercial. A aposta, porém, é numa recuperação do setor de petróleo, responsável por boa parte da queda no saldo das transações comerciais brasileiras com o mundo em 2013 -quando o superavit comercial de US$ 2,5 bilhões foi o menor desde 2000.

    Neste ano, até a terceira semana de fevereiro, a balança acumulava saldo negativo de US$ 6,7 bilhões, ante US$ 4,6 bilhões no mesmo período do ano passado.

    RECUO GRADUAL

    Coura, do Ibram, não adota um tom alarmista nem culpa a indefinição sobre a votação do novo Código de Mineração pela queda na produção do setor no Brasil.

    Ele diz que a mineração vai continuar se destacando nas exportações brasileiras. No ano passado, enquanto o superavit comercial do Brasil foi de US$ 2,5 bilhões, a balança do setor mineral foi positiva em US$ 31,967 bilhões.

    O problema, segundo Coura, é que a mineração está perdendo espaço gradualmente, o que pode se agravar no médio prazo. Ele cita a previsão de investimentos para alertar que algo precisa ser feito para reverter o quadro.

    Para o período de 2012 a 2016, o Ibram estimou investimentos da ordem de US$ 75 bilhões. Mas o montante cai para US$ 53,6 bilhões entre 2014 e 2018. Coura aponta a burocracia e os entraves ambientais como os principais responsáveis pela redução.

    CAUSAS

    "A última mina de minério de ferro foi inaugurada no país em 2006", diz o presidente do Ibram. Enquanto isso, afirma, o Brasil perdeu para a Austrália a liderança na produção mineral no mundo.

    O empresário defende regras mais claras na área ambiental. "O problema é que, no Brasil, parece que nada pode na área ambiental. Há uma demora infindável para se obter licenças", diz ele, acrescentando que o setor defende uma exploração sustentável ambientalmente.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Sobre o Código de Mineração, que divide governo, empresários e Congresso, Coura afirma que ele é apenas mais um ingrediente a causar incertezas no setor.

    "Pior do que o código atual é não ter nenhum código", afirma o presidente do Ibram. O dirigente defende ainda uma solução negociada para a votação da proposta, que deve ficar somente para o ano que vem.

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