As montadoras multinacionais de automóveis construíram capacidade de produção em volume preocupante em mercados emergentes que vêm apresentando problemas de desempenho, alertou o vice-presidente de operações da Ford.
As vendas no Brasil, Rússia e Índia tem ficado abaixo das expectativas do setor.
O excesso de capacidade, ou seja, o potencial de produzir mais carros do que é possível vender, é um problema para as montadoras de
automóveis. Construir, manter e operar uma fábrica é caro, e elas tipicamente só propiciam lucro quando pelo menos 75% de sua capacidade está sendo utilizada.
A esperança no crescimento acelerado das vendas nos mercados emergentes levou a um boom de construção de fábricas nesses países.
"Temos claramente uma situação, para algumas montadoras, de apetite maior do que a barriga permite", disse Mark Fields, segundo em comando da montadora e visto por muitos como o virtual sucessor de Alan Mullaly como presidente-executivo da Ford.
"Estamos acompanhando os anúncios quanto a expansões e a expansão de capacidade que deve acontecer nos próximos cinco anos e pensando que, ei, se levarmos em conta esses números e as suposições do mercado sobre o crescimento do setor... teremos uma dinâmica
de mercado interessante", disse Fields ao "Financial Times" durante o Salão do Automóvel de Genebra. "Você precisa se basear nos fatos, nos dados."
O mercado mundial de automóveis terá um excedente geral de capacidade da ordem de 20% a 30% em 2016, de acordo com a KPMG.
Fábricas subutilizadas são o motivo isolado mais importante para que companhias como a Peugeot Citroën, Fiat, GM e Ford estejam perdendo dinheiro na Europa.
Embora a ascensão da China como polo da indústria automobilística mundial e maior mercado de automóveis venha sendo relativamente constante, o crescimento dos demais países do Bric se provou negativo.
Brasil, Rússia e Índia registraram vendas superiores a 2,5 milhões de carros no ano passado, o que os tornou o quinto, sexto e sétimo maiores mercados mundiais pelo critério de vendas.
As vendas de automóveis caíram nos três países no ano passado, pela primeira vez em mais de uma década.
"Vejam o Brasil. Há muita capacidade expandida no Brasil", disse Fields, que enfatizou que a Ford não foi "exuberante demais" nos mercados emergentes.
"Observando alguns desses mercados no ano passado, percebemos, estudando os números que a economia estava começando a passar por um aperto."
Para a Fields, América do Norte e China devem liderar o crescimento de vendas e de lucros do setor neste ano.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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