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    Indústria de médio porte vê desatenção do governo

    RAQUEL LANDIM
    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    11/03/2014 02h00

    A reunião do ministro Guido Mantega (Fazenda) com grandes grupos brasileiros, marcada inicialmente para hoje em São Paulo e remarcada ontem à noite para amanhã (dia 12), em Brasília, provocou revolta em parte da indústria.

    Para representantes de associações de classe, é preciso que o governo atenda também aos interesses das pequenas e médias empresas, que respondem por boa parte dos postos de trabalho.

    "Esse é um governo que não ouve a pequena e média empresa", disse à Folha José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, que reúne os fabricantes de máquinas e equipamentos. "Já pedimos, mas a presidente Dilma não nos recebe."

    Mantega chamou para o encontro cerca de 20 grandes empresas. Juntas, elas faturaram mais de R$ 500 bilhões em 2012. A reunião faz parte da estratégia do governo de tentar melhorar as relações com o setor.

    Segundo Velloso, as empresas convidadas são todas multinacionais, que não enfrentam todos os problemas do "custo Brasil", porque têm a opção de tomar crédito mais barato no exterior ou de importar insumos.

    Ele disse ainda que uma coalizão de 23 entidades de classe, que representam 54% do faturamento e 51% do emprego da indústria, pede desde novembro uma audiência com a presidente Dilma, sem sucesso. O tema do encontro seria a falta de competitividade da indústria e a deterioração da balança comercial.

    O grupo, que inclui também entidades como Abiquim (químicos), Abinee (eletrônicos) e Abit (têxtil), foi informado que teria que se reunir primeiro com o Mantega, o que ocorreu em dezembro.

    Mas, segundo a Abimaq, foi uma reunião protocolar, na qual nada foi resolvido e terminou com uma promessa de encontro com Dilma.
    "Não estamos reclamando de não ter recebido um convite para a festa, mas queremos ser ouvidos. Temos que resolver os problemas da indústria e não politizar a questão. A reunião do Mantega é um gesto político".

    Apesar de o setor têxtil estar representado na reunião de amanhã, por meio de Josué Gomes, da Coteminas, Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit, diz que espera que as associações empresariais também sejam chamadas.

    "Cada setor tem suas especificidades. Empregamos 1,7 milhão de pessoas, pagamos mais de R$ 14 bilhões de salários e arrecadamos mais de R$ 7 bilhões de impostos. E 75% da nossa mão de obra é formada por mulheres. Esperamos que a associação seja chamada com o mesmo propósito [ser ouvida]", disse.

    Humberto Barbato, presidente da Abinee, diz que o governo tem o direito de fazer diferentes rodadas com diferentes empresários do país.
    "Mas também estamos esperando uma conversa com a presidente, solicitada em novembro, por meio do ministro. Temos conversado com certa regularidade com os ministros da Indústria e da Fazenda."

    O Ministério da Fazenda afirmou que tem buscado dialogar com todos os setores, não só com grandes empresários, e que tem dado todo apoio às pequenas e médias empresas. Informou ainda que o ministro e a Secretaria de Política Econômica reúnem-se periodicamente com vários segmentos da economia, como a Abimaq.

    Colaborou SOFIA FERNANDES, de Brasília

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