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    Consumidor pagará em 5 anos ajuda de R$ 1,2 bi a distribuidoras de energia

    JULIA BORBA
    DE BRASÍLIA

    12/03/2014 13h22

    O governo vai repassar para o consumidor, ao longo de cinco anos, a conta do socorro que foi dado na última sexta-feira (7) para as distribuidoras de energia elétrica, de R$ 1,2 bilhão.

    Essas empresas estavam com dificuldades de caixa para bancar o custo extra da energia gerada pelas termelétricas.

    A energia está sendo usada por causa da forte seca que atingiu o país no início do ano e impediu a recuperação dos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Para suprir a deficiência dessa geração, todas as térmicas, que são mais caras e poluentes -usam carvão, gás e óleo combustível-, tiveram de ser ligadas.

    Na última semana, ao anunciar a medida, o governo não informou de onde sairia o dinheiro, se do Tesouro ou dos consumidores, e também não informou se haveria, como feito no ano passado, um prazo maior para este pagamento.

    "Da mesma forma como foi feito no ano passado, a antecipação que o Tesouro fez na conta CDE (Conta de Desenvolvimento Energético, espécie de fundo do setor), é claro, seria paga em até cinco anos", disse o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, nesta quarta-feira.

    De acordo com Zimmermann, "o decreto alterou algumas cláusulas, mas mantém a mesma característica do decreto do ano passado", quando esse tipo de ajuda às elétricas também foi dada.

    Em 2013 essa conta ficou perto de R$ 10 bilhões e os repasses, que deveriam começar a recair sobre as tarifas neste ano, foram segurados pelo governo, para não aumentar o preço da energia.

    Agora, esse repasse de 2013 irá ocorrer em um prazo menor, entre 2015 e 2018.

    O governo ainda não decidiu se continuará prestando socorro a essas empresas ao longo deste ano e quanto vai pagar por mês.

    A previsão de gasto das distribuidoras apenas em fevereiro deve ficar em R$ 3,7 bilhões.

    RISCO

    O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, afirmou nesta quarta-feira (12) que o governo está "atento" à questão financeira que vem sobrecarregando as empresas de distribuição de energia e não deixará "que haja qualquer risco" para essas empresas.

    Segundo ele, a maior necessidade de contratação de usinas térmicas -que vem ocorrendo desde o fim de 2012 em função da seca prolongada que afeta o país- e de compra de energia no mercado livre por essas empresas, a um custo mais alto, resultou em "uma conta grande para ser paga".

    "Mas estamos acompanhando e o governo não deixará que aconteça nada com as distribuidoras", completou.

    TÉRMICAS

    O setor elétrico está preocupado com o calendário de manutenção das usinas termelétricas, processo que demandará o desligamento temporário de parte dessas geradoras.

    Movidas principalmente a óleo combustível, carvão e gás, as termelétricas têm sido usadas em larga escala desde o fim de 2012, devido ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas –muitas passaram a ficar ligadas praticamente durante todo o ano.

    Estudo feito pela consultoria do banco Santander mostra que em maio, ao menos 10% das térmicas terão de passar por manutenção e, em setembro, mais 10% também terão de fazer revisões.

    Com a saída temporária dessas geradoras do sistema e diante das projeções de volume de chuvas para as próximas semanas, a avaliação é que os reservatórios das hidrelétricas podem beirar "níveis problemáticos" em novembro, com apenas 24% de sua capacidade preenchida, segundo a consultoria.

    CHUVAS

    O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, afirmou hoje que simulações feitas pelo órgão são capazes de indicar que o país não corre risco de ficar sem energia.

    "Apenas se vier um regime de chuvas pior que toda a série histórica", afirmou.

    Apesar da hidrologia ter registrado, em janeiro e fevereiro, a pior situação dos últimos 80 anos, o governo vem identificando uma melhora ao longo do mês de março.

    Folhainvest

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