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    Em 20 anos, Brasil triplica produção, mas enfrenta problemas de 1994

    EDUARDO SODRÉ
    EDITOR-ADJUNTO DE "VEÍCULOS"
    GILMARA SANTOS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/03/2014 04h00

    Carros importados não eram mais novidade em 1994. A alíquota de importação estava em 35%, bem menor que os 85% do início daquele década. Na outra ponta do mercado, os carros populares alimentavam o sonho do primeiro zero-quilômetro.

    Embalados pelos primeiros meses de moeda estável e dólar baixo, carros estrangeiros e nacionais 1.0 eram vendidos com ágio e fila de espera. As montadoras redescobriam o potencial do mercado brasileiro, e a nova história da indústria automotiva começava a ser contada.

    Em duas décadas, o país saiu de uma produção anual de cerca de 1,5 milhão de veículos de passeio e comerciais leves para atingir 3,5 milhões de carros fabricados em 2013. Nesse período, o país saltou cinco postos no ranking mundial de vendas -atualmente, está na quarta posição.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    O segmento dos automóveis populares (motor 1.0) destacava-se no mercado em 1994
    O segmento dos automóveis populares (motor 1.0) destacava-se no mercado em 1994

    No entanto, problemas como mudanças constantes nas regras de tributação e fortes oscilações na oferta de crédito acompanham o setor nestes 20 anos.

    ESTABILIDADE

    A transformação começa em 1990, quando o então presidente Fernando Collor de Mello liberou a importação de veículos, suspensa desde 1976, e de componentes. "Entre coisas boas e ruins, o Collor abriu o mercado, o que trouxe maturidade para o setor automotivo", diz o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive.

    Em 1994, com a implementação do Plano Real e a estabilização da economia, com o fim dos índices inflacionários, começa o crescimento gradativo do poder aquisitivo dos brasileiros. Esses fatores despertaram o interesse das fabricantes, que começaram a trazer plantas industriais para o território nacional. "Teve início uma nova configuração no mercado brasileiro. Montadoras e fornecedores começaram a encarar o mercado com mais risco. O número de fabricantes que aportaram neste período foi aos pulos", diz o consultor Luiz Carlos Mello, ex-presidente da Ford.

    Divulgação
    Honda iniciou a produção do sedã Civic no Brasil em 1997
    Honda iniciou a produção do sedã Civic no Brasil em 1997

    De fato, apenas quatro grandes montadoras de carros de passeio -Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen- tinham unidades fabris por aqui em meados da década de 1990.

    Com a experiência adquirida na produção de motos em Manaus desde a década de 1970, a japonesa Honda iniciou a fabricação de automóveis em 1997, na cidade de Sumaré (a 118 quilômetros de São Paulo).

    No ano seguinte, a rival Toyota iniciou a produção do Corolla em Indaiatuba (a 98 km de São Paulo).

    A Mercedes escolheu Juiz de Fora (MG) para fazer o Classe A, enquanto as francesas Renault e PSA Peugeot Citroën foram, respectivamente, para São José dos Pinhais (PR) e Porto Real (RJ).

    Hoje, há 15 fabricantes de veículos leves associadas à Anfavea, e seis novas marcas constroem fábricas no país por aqui. Entre elas, montadoras com que produzem veículos de alto valor agregado, como BMW e Land Rover.

    Outra mudança verificada neste período foi em relação à diversidade da produção. Há 10 anos, por exemplo, 82% da produção nacional estava concentrada no Sudeste. Hoje, essa região responde por menos de 70% do total fabricado.

    Porém, de acordo com números da Anfavea, não houve redução quantitativa. Em 2002, 1,4 milhão de unidades foram produzidas no Sudeste, montante que chegou a 2,6 milhões em 2013.

    Editoria de Arte/Folhapress

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