Pequenas e micro empresas do comércio, da indústria e da área de serviços já concedem reajuste maiores do que a média do setor e adotam políticas de bônus para reter funcionários e não perder a mão de obra qualificada para a concorrência.

Na Limited Edition, loja de miniaturas e artigos de coleção, a estratégia foi criar diferentes escalas de incentivo - os bônus variam de R$ 400 a R$ 800 - para os funcionários que mais contribuem para incrementar os resultados do mês. Também há vales-compra de R$ 300 a R$ 400, dependendo do faturamento atingido, para os funcionários comprarem itens da loja.

"Além de bônus e reajustes, temos feito saídas para atividades de lazer, como jogar boliche, jantares e outras programações para comemorar os resultados. É uma forma a mais de incentivo", diz Rodolfo Balestero Pranaitis, 28, sócio do estabelecimento.

A loja passou de três empregados em 2012 para cinco e já tem planos de contratar outros três para a filial que pretende abrir neste ano. "Começamos a vender pela internet, abrimos loja física em 2009 e agora os planos são de expansão", diz

INDÚSTRIA

No setor industrial, a Jade Embalagens, que produz caixas de papelão, plástico e embalagens de alumínio em Pedreira (SP), também optou pelo incremento nos salários para não perder a mão de obra para os concorrentes.

"A cada seis meses, procuro dar algum incentivo. Pode ser um bônus de R$ 100 ou um pouco mais dependendo do funcionário", diz José Ângelo Rodrigues, 49, dono da empresa, que emprega nove funcionários e fatura por volta de R$ 150 mil por mês.

Apesar de a diferença salarial em relação às grandes empresas ter recuado para 38,2% em 2012, segundo dados do estudo do Sebrae e Dieese, o empreendedor diz que os pequenos negócios ainda precisam melhorar a política de benefícios oferecidos aos empregados.

O levantamento mostra que a distância entre os salários pagos pelas pequenas e grandes chegou a 44% em 1999, quando o levantamento das entidades começou a ser feito.

"O salário na pequena empresa pode ser menor, assim como os benefícios. Mas, em uma grande empresa, a demissão ocorre na primeira crise que ocorre. Já a pequena segura esse funcionário porque investiu nele e demitir custa caro", diz Rodrigues. Na empresa Jade, os nove funcionários têm entre 8 e 13 anos de tempo serviço.

Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Dieese, lembra que as pequenas empresas têm incrementado a política salarial e de incentivos porque, como a atividade econômica está aquecida, a concorrência pela mão de obra é maior no mercado de trabalho. "Não são só as grandes que têm de enfrentar a concorrência."

Eduardo Anizelli/Folhapress

O empresário Roberto Pranaitis, que evita rotatividade com reajustes periódicos para funcionários

INVESTIMENTO NO AMBIENTE

No Laboratório Vida, em Santa Catarina, a opção feita para reter os empregados foi investir também no ambiente de trabalho.

"Decidimos investir em qualidade, em cursos e até sessões de reiki (terapia de energia) para melhorar a convivência entre os funcionários", diz Maribel Gaio, 41, proprietária do laboratório de análises clínicas.

Aberto em 2006, na cidade de Videira, o local começou com um funcionário, além das duas sócias. Hoje o laboratório emprega 18 empregados e fatura cerca de R$ 45 mil por mês.

Além de criar o 'Cartão Amigo Vida', com nove mil clientes.cadastrados, a empresária informa ter investido em gestão empresarial e certificados de qualidade para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos.

"Queremos que o funcionário se sinta bem dentro da empresa e esteja engajado em nossos projetos. Se ele receber uma oferta para mudar de emprego, certamente esses fatores pesarão em sua decisão", afirma.